segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PAULO FREIRE VILOEIRO


 
Aprendi a tocar viola no sertão do Urucuia, Minas Gerais. Larguei a Faculdade de Jornalismo em 1977 e, depois de ler o livro "Grande Sertão: Veredas", de João Guimarães Rosa, fui embora para o Urucuia, querendo saber qual era o som desse grande sertão.
Antes disso, já tocava violão e guitarra. Estudei no CLAM, escola dirigida pelo Zimbo Trio.
Morei dois anos no Urucuia, em um povoado chamado Porto de Manga. A três quilômetros dali (meia légua), na Taboca, conheci Manoel de Oliveira, seu Manelim, grande violeiro, que passou a ser meu mestre.
seu ManelimConvivi com seu Manelim e família, passei algumas temporadas em sua casa. Durante o dia trabalhava em sua roça, e à noite me ensinava viola. Nesta época mexemos com plantio de arroz na vazante. Claro que tive muito mais benefício com o que me ensinou, do que seu Manoel com meu serviço de roça. Nunca havia encostado em uma enxada, mas me esforcei bastante trabalhando a terra. O entardecer tocando viola no terreiro, acordar no inverno e ir para uma fogueira improvisada junto com seus filhos enquanto dona Vicentina preparava o café com biju, ou ficar olhando a roça e deixar o pensamento correr, calaram fundo em minha alma violeira.
Volto regularmente para o Urucuia e, para minha grande honra, sou chamado a fazer parte das Folias de Reis, uma experiência fundamental para quem quer ser violeiro.
Em 1980 voltei para São Paulo e não conseguia colocar em música toda essa experiência. Continuei os estudos, tendo aula de violão clássico com Henrique Pinto. Sou fã do Henrique, ele teve tanta paciência comigo... e me ensinou muito também sobre a viola.
Nesta época integrei o grupo de teatro VENTO FORTE, na primeira montagem em São Paulo de Histórias de Lenços e Ventos, de Ilo Krugli, que ganhou os prêmios MAMBEMBE e A.P.C.A. de melhores petáculo infantil do ano.
Com o Vento Forte fiz uma excursão pela Europa. Não posso ver uma novidade... em seguida mudei para Paris. Estudei violão clássico com o mestre uruguaio Betho Davesaky, ganhei até uma medalha no "Concours des Classes Supérieurs de Paris".
Um dia, Betho me pediu para tocar viola. E foi direto: "Te dou aula de violão, mas o teu instrumento é a viola!" Ainda levei alguns anos para perceber que ele estava certo.
Paralelamente aos estudos, excursionei pela Europa e Norte da África com grupos de música brasileira. Tocava samba e as mulatas dançavam. Na verdade, foram dois anos e meio em que me diverti muito.
A viola foi ganhando espaço. De volta ao Brasil fiz trilhas para episódios de séries da TV Globo, como Malu Mulher e Obrigado Doutor. Toquei as violas e participei da composição da trilha da minissérie Grande Sertão: Veredas, também da TV Globo.
Compus trilhas especiais para o programa GLOBO RURAL. As matérias que musiquei: Escola de Peão e O Umbu, ganharam os prêmios WLADIMIR HERZOG e FEBRABAN, respectivamente.
Realizei uma turnê de viola-solo pela Europa, apresentando-me em festivais de World Music da Bélgica e Holanda, em 1995.
Eu Nasci Naquela SerraNa década de 90 lancei três livros, os romances: CANTO DOS PASSOS (1988) e ZÉ QUINHA E ZÉ CÃO, vai ouvindo...(1993), pela editora Guanabara e a biografia EU NASCI NAQUELA SERRA(1996), sobre os compositores paulistas Angelino de Oliveira, Raul Torres e Serrinha, lançado pela editora Paulicéia. Narrando a vida destes grandes compositores (autores de "Tristezas do Jeca", "Saudades de Matão", "Cabocla Tereza", "Chitãozinho e Xororó", entre muitas outras), é contada a história da música caipira, até a transformação desta no gênero sertanejo.
Sou colaborador da revista CAROS AMIGOS.
Tive minha primeira e última experiência em jornalismo diário como redator e repórter do jornal NOTÍCIAS POPULARES, em São Paulo, atuando na área de Variedades. É um tipo de trabalho que te afasta da viola.
Swami Júnior é meu parceiro. Temos algumas músicas, entre elas: "BOM DIA", gravada por Zizi Possi e Virgínia Rosa.
Rio AbaixoGravei meu primeiro CD solo, “Rio Abaixo – viola brasileira”, independente, que recebeu o PRÊMIO SHARP, de reve lação instrumental, em 1995/96.
O segundo CD foi “São Gonçalo”, pela Pau Brasil, em 1998. Este CD está esgotado e eu não sei quando será relançado...
Dupla PersonalidadeWandi Doratiotto e eu temos um duo, a "Dupla Personalidade", já fizemos shows em um tanto de lugar. Trabalhar com o Wandi é diversão garantida!
Fui integrante da Orquestra Popular de Câmera, que teve seu primeiro CD lançado em dezembro de 1998. Este CD recebeu o prêmio Movimento, como melhor disco do ano.
Não gosto de estúdio, mas acabei produzindo o CD "Feito na Roça", da Orquestra de Viola Caipira de São José dos Campos, e o CD "Ana Salvagni", desta cantora.
Andei participando de discos de diferentes artistas brasileiros, como: Arnaldo Antunes, Luiz Tatit, Maurício Pereira, Mônica Salmaso, Titi Walter, Pereira da Viola, Bráz da Viola, Passoca, Fábio Tagliaferri, Chico Salem, Hélio Sziskind, Carlos Careqa, Cambanda, além de participar do projeto Violeiros do Brasil.
Em 1999, entrei para o grupo ANIMA. Gravamos o CD "Especiarias", e fizemos shows pelo Brasil e Estados Unidos. O grupo recebeu o prêmio Carlos Gomes de melhor grupo de câmara de 2000.
O livro e CD "Lambe-Lambe" veio amadurecendo com o tempo, até que ficou pronto em julho de 2.000, pela Editora Casa Amarela. São retratos em forma de causos de pessoas que admiro: sertanejos, criadores de saci, poeta-jardineiro, São Gonçalo, capeta etc. O CD é a versão tocada dos causos escritos.
Dividi com o amigo violeiro Roberto Corrêa uma coluna na revista Globo Rural, contando causos, falando sobre viola e o sertão, de 2000 até 2002.
Em 1999 nasceu minha filha, a Laura, e, em 2001, meu filho, o Augusto. Sem dúvida alguma o que tem de melhor na vida é cuidar dos meninos.
Ah, a mãe dos meninos, minha esposa, é a cantora e regente Ana Salvagni. Tenho certeza que só por causa dela é que os meninos nasceram tão bonitos assim.
O instituto Itaú Cultural lançou em 2.001 uma série de CDs gravados ao vivo, chamada "Rumos Musicais". Tem uma participação minha com o violonista Paulo Porto Alegre.
Fizemos uma versão do "Mosquitão", e um movimento de uma sonata que o Paulo dedicou a mim: a "Sonata para viola caipira e violão". Quanta honra! Agora estamos querendo gravar este trabalho na íntegra.
Fiz uma versão do Boi da Cara Preta para a coletânea “Papa's Lullaby”, do selo americano Ellipsis Arts. Chique, né? São canções de ninar de vários países, na versão dos pais. Ô servicinho bom, foi só pensar na criançada e pegar na violinha. Aí chamei o violonista, compositor e também cantor Zé Esmerindo para fazer o vocal. O diretor artístico do selo sugeriu que eu cantasse, além de tocar viola. Achei bem melhor que fosse o Zé, porque minha voz ali no disco em vez de ninar ia acordar a criançada do mundo todo. O CD ganhou o prêmio Silver Parentes Choice, nos Estados Unidos.
Excursionei com os violeiros Roberto Corrêa e Badia Medeiros em 2002, pelo projeto Sonora Brasil. Foram 36 cidades de oito estados brasileiros. Quando o Roberto me convidou, fiquei meio cismado. Afinal ficar longe de casa quase dois meses, sabia que iria ser muito duro, com os filhos pequenos e tal, ai ai ai. Claro que morri de saudades, mas por outro lado gostei demais! Conhecer o Brasil, ver o tanto de arte sendo produzida em nosso país, com tamanha qualidade, poder mostrar nossa violinha do Oiapoque ao Chuí, foi uma maravilha. E mais, segundo o Badia, neste encontro foi colocada a amizade de nós três dentro de um cofre e depois jogamos a chave fora, pois realmente estamos completamente juntos.
Desta viagem rendeu o CD "Esbrangente", lançado em abril de 2003. Fizemos mais um tanto de shows pelo Brasil. E agora estamos finalizando um DVD.
Gravei as violas para o filme "Deus é Brasileiro", de Cacá Diegues. No CD que a Sony lançou com a trilha do filme, estranhamente aparece na faixa "Melodia Sentimental", que gravei junto com o Siba (viola e rabeca), o seguinte crédito para os intérpretes: Instrumental. Para quem produziu este encarte na dita gravadora parece que não tem ninguém atrás dos instrumentos.
Escrevi o ensaio A Música dos causos, para o livro “Literatura e Música”, lançado pela Editora Senac.
Baú de HistóriasNos anos de 2003, 2004 e 2005 participei de um projeto muito importante, o “Baú de Histórias”, do SESC Santa Catarina. Gente, eles têm um trabalho de formação de contadores de história, com oficinas, encontros e espetáculos rodando o Estado. É acreditar na força da tradição oral, contada de pai para filho, através dos tempos, com a força que esse movimento gera.
Em 2003 lancei o CD "Brincadeira de Viola". Desde que a Ana ficou grávida, pude ir mergulhando no universo da criança, do tempo que eu era menino até chegar à contação de causos no quarto da garotada. Como vou explicar o que acontece dentro da gente? Nem precisa, né? Eu sei que vocês entendem. Fui brincando com a viola, ponteando as músicas que povoam nossa infância, tanto na capital como nos sertões e pronto. Convidei um tanto de amigo para participar da gravação do CD, dá só uma olhada aqui no site mesmo. Brincadeira de Viola foi lançado no belíssimo teatro Politheama, em Jundiaí, no dia 11 de outubro. Foi uma grande alegria.
Ainda neste ano de 2003 fizemos o CD "Vai Ouvindo" - junto com meu amigo de fé e irmão camarada Adriano Busko, na percussão e vocal, e meu irmão camarada e amigo de fé Tuco Freire, no baixo elétrico e acústico. O repertório foi sendo montado em nossos shows e conversas. Resolvi colocar as violas turbinadas em algumas faixas. Ouvi muito Jimi Hendrix e fiz um bombardeio em Canudos, repetindo o que ele havia feito com o hino americano bombardeando o Vietnã. Claro que gravamos um “quatro”, uma folia de Bom Jesus, mas acabou aparecendo o rap "Andei, Andei", inspirado em um livro do Sinval Medina; ah, tem a incrível história dos gêmeos Pedro e Paulo, além de Round Midnight, com viola de cocho e baixo acústico. Só ouvindo.
Em 2004 fui convidado pela Orquestra Sinfônica de Campinas, junto com o violeiro Ivan Vilela, para 2 apresentações de viola e orquestra. Os arranjos de nossas composições e clássicos da música caipira foram de Renato Keffi (lindos!) e a regência do maestro Cláudio Cruz. Depois de um certo nervosismo de ver a viola junto com aquele mundo de instrumento, foi bem emocionante tocar com a orquestra.
Vida de ArtistaEm 2004 e 2005 produzi, junto com meu irmão Tuco, o CD “Vida de Artista”, de nosso pai, Roberto Freire. Chamamos os amigos para participar e foi uma alegria. O amor com que todos participaram do projeto, nos fez apostar ainda mais em sua beleza.
Na mesma época acompanhei a gravação do novo CD da Ana Salvagni: “Avarandado”. Fiz alguns arranjos e toquei a violinha. E mais, enquanto a Ana gravava, fiquei correndo atrás dos meninos. A Ana produziu e cercou-se de grandes músicos (fora o violeiro mais ou menos), e o CD ficou lindo.
Meu amigo Roberto Moreno jogou a isca e eu caí direitinho. Convidou-me para escrever um blog no UOL. No começo fiquei desconfiado desse tar de brógui, mas depois achei bão demais. Dá só uma olhada: paulofreireblog.zip.net
Junto ao inseparável Roberto Corrêa, fizemos a consultoria para o livro "Viola Instrumental Brasileira", de Andréa Carneiro de Souza, com partituras e CD dos mestres violeiros do Brasil. A Andréa viajou o Brasil inteiro, gravou os mestres com seus toques ancestrais, aí fizemos a seleção que resultou neste trabalho fundamental. É material de estudo e fonte de muitas belezas.
Em 2006 fui convidado pelo programa “Globo Rural” para participar da série “Tropeiros”. Cheguei lá com a violinha e foram me dizendo: “pode guardar a viola, você vai de ator, quer dizer, contador de causo...”. Fiquei preocupado e achei que não ia dar certo. Mas como sou fã do programa e das pessoas que o fazem, fui na conversa deles. Quando vi, estava vestido de Firmino, decorando texto montado em cima de uma mula. Só vendo... Cês viram?
Criei a trilha sonora para o espetáculo de dança “Relevo”, da Confraria da Dança, aqui em Campinas. Foi muito estimulante tocar a violinha a partir dos movimentos e depois ir se ajeitando na concepção do espetáculo.
Produzi o CD “Urucuia”, de Manoel de Oliveira, meu mestre de viola. Fizemos alguns shows em 2006, tem outros programados para 2007, é só ficar de olho. Achei que ficou bonito demais. Ele tem uma delicadeza junto com força da natureza ponteando sua violinha que é uma maravilha.
Em 2007 lancei o CD “Redemoinho”. Onze músicas instrumentais e um causo, tudo inédito. Com uma formação muito legal: violoncelo, sax, flauta, baixo e percussão. Fiquei animado com o menino!
Voltei a rodar pelo Estado de Santa Catarina pelo projeto Baú de Histórias, do SESC.
De tanto contar história para as crianças e adotar seus preciosos palpites, escrevi o livro infantil “O Céu das Crianças”. Fiz um show sobre o tema e lancei, pela Companhia das Letrinhas, em 2008.
Minha amiga Myriam Taubkin, dez anos depois de ter produzido a série “Violeiros do Brasil”, com CD e programas transmitidos pela TV Cultura, lançou em 2008 um livro e DVD com estes mesmos violeiros. Esteve na cada de cada um deles, conversou e filmou um bocado e o resultado foi maravilhoso. Temos feito alguns shows dos Violeiros, com produção impecável e diversão garantida.
Tive a imensa honra de ser convidado pela produção do “Viola minha Viola”, para fazer a trilha de abertura do programa. Já está no ar. Tudo que envolve a Inezita Barroso, vou correndo fazer, pela fundamental importância que ela tem para a cultura brasileira. Eta programa que eu gosto!
No final de 2008 montamos o musical “Pedro Paulo”, com o Centro Experimental de Música, do SESC Consolação. Desde que conheci a história dos gêmeos voadores, quis fazer este espetáculo. Com a parceria do SESC e a atuação de todos os alunos do CEM, foi uma experiência incrível. Brinquei de ser ator, trabalhamos um bocado e transbordamos de alegria.
Passei os anos de 2008 e 2009 preparando o “Nuá – as músicas dos mitos brasileiros”. Fizemos uma turnê de lançamento boa demais. Encontrar e conviver com os mitos, levar os arranjadores para conhecer, topar com o acontecido e se aprofundar, chamar os músicos, escrever os causos... Só lendo e ouvindo. Vão ouvindo!
Em 2010 mais um giro por Santa Catarina, dentro do projeto Baú de Histórias, do SESC. O tema deste ano foi um show que produzi, chamado: “Eu Não Minto!” Quem aí acredita?
Agora estou lançando o romance “Jurupari”. Este é um romance violeiro e mitológico, com o pé na estrada. O livro conta a história de um violeiro em formação cruzando o Brasil a pé, de ônibus, barco, caminhão - de tudo quanto é jeito -, sendo guiado pelos mitos, pela música e pela descoberta do amor. Se puder contar com a companhia de vocês na descoberta do Jurupari vai ser um prazer sem tamanho.
E juntamente com Roberto Corrêa, somos os curadores do projeto “Voa Viola”, um festival nacional de viola, com premiações, shows pelo Brasil e uma Rede Social que é uma maravilha. Visitem www.voaviola.com.br.
O grande acontecimento de 2010 foi o prêmio que a patroa, Ana Salvagni, ganhou com o CD “Alma Cabocla”. Foi o melhor CD, categoria regional, do Prêmio Vale de Música Brasileira. Nós dois no Teatro Municipal do Rio, chique demais, a hora que anunciaram o nome da Ana, só não pulei da cadeira pra não dar vexame. Viva!
É só ficar de olho aqui na agenda do site que vou colocando as novidades.
Me apaixonei pela viola pois é um instrumento que convive com diferentes profundidades. Só ouvindo.
Vai ouvindo... Vai ouvin

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Mário Lago

Mário Lago (Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1911 — Rio de Janeiro, 30 de maio de 2002) foi um advogado, poeta, radialista, letrista e ator brasileiro.
Autor de sambas populares como "Ai, que saudades da Amélia" e "Atire a primeira pedra", ambos em parceria com Ataulfo Alves, fez-se popular entre as décadasde 40 e 50.
ilho do maestro Antônio Lago e de Francisca Maria Vicencia Croccia Lago,[1] e neto do anarquista e flautista italiano Giuseppe Croccia, formou-se em Direito pela Universidade do Brasil, em 1933, tendo nesta época se tornado marxista. A opção pelas idéias comunistas fizeram com que fosse preso em sete ocasiões - 1932, 1941, 1946, 1949, 1952, 1964 e 1969.[2]
Foi casado com Zeli, filha do militante comunista Henrique Cordeiro, que conhecera numa manifestação política, até a morte dela em 1997. O casal teve cinco filhos: Antônio Henrique, Graça Maria, Mário Lago Filho, Luiz Carlos (em homenagem ao líder comunista Luís Carlos Prestes) e Vanda.[2]
Torcedor do Fluminense, chegou a declarar, na época do 1º rebaixamento do clube, que a virada de mesa em favor do tricolor carioca havia sido uma atitude vergonhosa de todos os responsáveis, envolvidos no esquema. Ele afirmava veementemente, que o time deveria ter voltado à divisão de elite do Campeonato Brasileiro no campo, e não no tapetão.
Começou pela poesia, e teve seu primeiro poema publicado aos 15 anos. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na década de 30, na então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atualFaculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde iniciou sua militância política no Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, então fortemente influenciado pelo Partido Comunista Brasileiro. Durante a década de 1930, a então principal Faculdade de Direito da capital da República era um celeiro de arte aliada à política, onde estudaram Lago e seus contemporâneos Carlos Lacerda, Jorge Amado, Lamartine Babo entre outros.
Depois de formado, exerceu a profissão de advogado por apenas alguns meses. [3] Envolveu-se com o teatro de revista, escrevendo, compondo e atuando. Sua estréia como letrista de música popular foi com "Menina, eu sei de uma coisa", parceria com Custódio Mesquita, gravada em 1935 por Mário Reis. Três anos depois, Orlando Silva realizou a famosa gravação de "Nada além", da mesma dupla de autores.
Suas composições mais famosas são "Ai que saudades da Amélia", "Atire a primeira pedra", ambas em parceria com Ataulfo Alves; "É tão gostoso, seu moço", com Chocolate, "Número um", com Benedito Lacerda, o samba "Fracasso" e a marcha carnavalesca "Aurora", em parceria com Roberto Roberti, que ficou consagrada na interpretação de Carmen Miranda.
Em "Amélia", a descrição daquela mulher idealizada, ficou tão popular que "Amélia" tornou-se sinônimo de mulher submissa, resignada e dedicada aos trabalhos domésticos.
Na Rádio Nacional, Mário Lago foi ator e roteirista, escrevendo a radionovela "Presídio de Mulheres". Mas só ficou conhecido do grande público mais tarde, pela televisão, quando passou a atuar em novelas daRede Globo, como "Selva de Pedra", "O Casarão", "Nina", "Brilhante", "Elas por Elas" e "Barriga de Aluguel", entre outras. Também atuou em peças de teatro e filmes, como "Terra em Transe", de Glauber Rocha.
Mário esteve na União Soviética, em 1957, a convite da Rádio Moscou, para participar da reestruturação do programa Conversando com o Brasil, do qual participavam artistas e intelectuais brasileiros. Mas os programas radiofônicos produzidos no Brasil, que Mário mostrou aos soviéticos, foram por eles qualificados de "burgueses" e "decadentes". A avaliação que Mário Lago fez da União Soviética também não foi das melhores. Ali, segundo ele, a produção cultural sofria pelo excesso de gravidade e autoritarismo. Apesar da decepção com a experiência soviética, Mário Lago jamais abandonou a militância política. [4]
Em 1964, foi um dos nomes a encabeçar a lista dos que tiveram seus direitos políticos cassados pelo regime militar, e perdeu suas funções na Rádio Nacional.[1]
Em 1989, ligou-se ao Partido dos Trabalhadores e atuou como âncora dos programas eleitorais do então candidato do partido, Luís Inácio Lula da Silva, à presidência da República, em 1998.[1]
Autor dos livros Na Rolança do Tempo (1976), Bagaço de Beira-Estrada (1977) e Meia Porção de Sarapatel (1986), foi biografado em 1998 por Mônica Velloso na obra: Mário Lago: boêmia e política.
No carnaval de 2001, Mário Lago foi tema do desfile da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz.[5]
Em dezembro de 2001, recebeu uma homenagem especial por sua carreira durante a entrega do Troféu Domingão do Faustão, que, no ano seguinte, ganharia o nome de Troféu Mário Lago, sendo anualmente concedido aos grandes nomes da teledramaturgia.
Em janeiro de 2002, o presidente da Câmara, Aécio Neves, foi à sua residência no Rio para lhe entregar, solenemente, a Ordem do Mérito Parlamentar. Na sua última entrevista ao Jornal do Brasil, Mário revelou que estava escrevendo sua própria biografia. Estava certo de que chegaria aos 100 anos, dizia Mário, "Fiz um acordo com o tempo. Nem ele me persegue, nem eu fujo dele".
Morreu no dia 30 de maio de 2002, aos noventa anos de idade, em sua casa, na Zona Sul do Rio de Janeiro, de enfisema pulmonar. Para o velório foi aberto o palco do Teatro João Caetano onde vivera importantes momentos de sua carreira de ator.[1] Até o fim de sua vida manteve intensa atividade política e mesmo doente chegou a se engajar na campanha presidencial apoiando o então candidato Luís Inácio Lula da Silva. Por ter sido estudante do Colégio Pedro II da Unidade São Cristóvão, hoje em dia existe, em sua homenagem, dentro do colégio o Teatro Mário Lago, onde ali se faz apresentações do grupo de teatro do Colégio Pedro II da Unidade Engenho Novo (CRIARTE). Encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.


FRASES FAMOSAS

Gosto e preciso de ti,
Mas quero logo explicar,
Não gosto porque preciso.
Preciso sim, por gostar.

Eu fiz um acordo com o tempo...
Nem ele me persegue, nem eu fujo dele...
Qualquer dia a gente se encontra e,
Dessa forma, vou vivendo
Intensamente cada momento...
Nós estamos condicionados a
pensar que nossas vidas giram
em torno apenas de grandes momentos.
Todavia, os grandes momentos
frequentemente nos pegam desprevenidos, e
ficam maravilhosamente guardados em recantos
que os outros podem considerar sem importância.
E da mesma forma ocorrem outros momentos...

Quando deixarmos de ter esperança
é melhor apagar o arco-íris.

O tempo não comprou passagem de volta. Tenho lembranças e não saudades.

Quando o homem perder a esperança, pode apagar o Arco-Iris

"Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade".

O verso é um clássico do samba brasileiro – e é de autoria de Mário Lago,
que antes de ator era um grande compositor e letrista de sambas,
marchas e foxes. A música, para quem não se lembra,
o que parece impossível já que clássicos do samba não morrem, é
Ai Que Saudades da Amélia, de 1942 e gravado pelo grande Ataulfo Alves.
Para reavivar a memória musical, são também de Mário Lago as músicas
Aurora, de 1941,
Nada Além, de 1938,
Atire a Primeira Pedra, de 1944
e É Tão Gostoso, Seu Moço, de 1953, entre outras.
São canções que vão além de meras “musiquinhas” e
mostram um compositor engajado com o meio social.




Teledramaturgia
 2001 - O Clone - Dr. Molina (participação especial)
 2000 - Brava Gente - Eleutério
 1992/1999 - Você Decide (12 episódios)
 1999 - Força de um Desejo - Teodoro
 1998 - Pecado Capital - Amatto
 1998 - Torre de Babel - Padre (participação especial)
 1998 - Hilda Furacão - Olavo
 1996 - O Fim do Mundo - Frei Luiz
 1996 - Quem É Você?
 1995 - Explode Coração
 1995 - Engraçadinha, seus amores e seus pecados - Osmar
 1994 - Quatro por Quatro - Henrique Pessoa
 1993 - Agosto - Aniceto
 1992 - De Corpo e Alma - Veiga
 1992 - Despedida de Solteiro - Padre (participação especial)
 1991 - Vamp (participação especial)
 1990 - Barriga de Aluguel - Dr. Molina
 1989 - O Salvador da Pátria - Quinzote
 1988 - O pagador de promessas - Dom Germano
 1986 - Cambalacho - Antero Souza e Silva
 1986 - Roda de Fogo - Antônio Villar
 1985 - Grande Sertão: Veredas - Compadre Quelemem
 1985 - Tenda dos Milagres - Judge João Reis
 1985 - Um Sonho a Mais
 1985 - O tempo e o vento - Padre Lara
 1984 - Partido Alto
 1984 - Padre Cícero - Núncio Apostólico
 1983 - Guerra dos Sexos - juiz
 1983 - Louco Amor - Agenor Rocha
 1982 - Elas por Elas - Miguel Aranha
 1981 - Brilhante - Vítor Newman
 1981 - Baila Comigo - (participação especial)
 1980 - Plumas & Paetês - Cristiano
 1979 - Os Gigantes - Antônio Lucas
 1979 - Dancin' Days - Alberico Santos
 1977 - Nina - Galba
 1976 - O Casarão - Atílio Souza
 1975 - Pecado Capital - Perez
 1975 - Cuca Legal - Aureliano
 1975 - Escalada - Chico Dias
 1974 - O Espigão - Gabriel Martins
 1973 - Cavalo de Aço - Inácio
 1972 - Selva de Pedra - Sebastião
 1971 - Minha doce namorada - César
 1971 - Assim na Terra Como no Céu - Oliveira Ramos
 1970 - Verão Vermelho - Bruno
 1969 - A Ponte dos Suspiros - Foscari
 1969 - Rosa Rebelde - Barão de La Torre
 1968 - Passo dos Ventos - Dubois
 1968 - O homem proibido - Ali Abbor
 1967 - Presídio de Mulheres - Pierre (TV Tupi)
 1967 - A sombra de Rebeca - Tamura
 1966 - O Sheik de Agadir - Otto Von Lucker
 1963 - Nuvem de Fogo
[editar]Atuação no cinema
 1983 - Idolatrada
 1978 - O Velho Gregório
 1977 - Lá Menor
 1973 - Café na Cama
 1971 - São Bernardo
 1970 - Os Herdeiros
 1970 - Badalada dos Infiéis
 1969 - Pedro Diabo Ama Rosa Meia-Noite
 1969 - O Bravo Guerreiro
 1969 - Tempo de Violência
 1969 - Incrível, Fantástico, Extraordinário
 1968 - Desesperato
 1968 - A Vida Provisória
 1968 - Massacre no Supermercado
 1967 - Terra em Transe
 1967 - Na Mira do Assassino
 1966 - O Padre e a Moça
 1966 - Essa Gatinha é Minha
 1966 - Na Onda do Iê-iê-iê
 1966 - Cuidado, Espião Brasileiro em Ação
 1965 - História de um Crápula
 1962 - Assalto ao Trem Pagador
 1962 - Assassinato em Copacabana
 1959 - Mulheres, Cheguei!
 1957 - Papai Fanfarrão
 1953 - Balança Mas Não Cai
 1952 - Pecadora Imaculada
 1950 - A Sombra da Outra
 1949 - O Homem que Passa
 1948 - Uma Luz na Estrada
 1948 - Terra Violenta
 1947 - Asas do Brasil
 1947 - O Homem que Chutou a Consciência

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Gilberto Gil


Gilberto Passos Gil Moreira (Salvador, 26 de junho de 1942) é um músico e político brasileiro.
Em 2009, o cantor obteve a cidadania italiana, por ser casado com Flora Giordano, neta de italianos.O cantor é pai da cantora Preta Gil e de Marina Morena.
Gilberto Gil nasceu no bairro do Tororó, em Salvador, na Bahia. Seu pai, o médico José Gil Moreira e sua mãe Claudina, em busca de uma vida melhor, mudam do bairro pobre da capital baiana para o interior do Estado, em Ituaçu, à época um lugarejo com cerca de oitocentos habitantes. Ali, Gil passou os primeiros oito anos de vida. Deste período o artista registra a influência das músicas ouvidas, sobretudo no rádio:
…os meus primeiros momentos de ouvir música, tudo se passou numa época em que Luiz Gonzaga, principalmente lá no Nordeste, onde eu vivia, lá na caatinga, era praticamente o canto mesmo da região…
Com oito anos volta para Salvador, onde estuda no Colégio Maristas, e frequenta uma academia de acordeon. Quando estava no secundário, recebeu da mãe um violão e conhece o trabalho de João Gilberto, que lhe influencia de imediato.
Nos tempos de faculdade de Administração, Gil conhece Caetano Veloso, sua irmã Bethânia, Gal Costa e Tom Zé. Realizam a primeira apresentação na inauguração do Teatro Vila Velha em junho de 1964 - com o show "Nós, Por Exemplo".
Formou-se em 1965 e muda-se com a esposa Belina para São Paulo.

Formado em administração de empresas, seu primeiro emprego em São Paulo foi na Gessy Lever. Nos anos 1970, Gil acrescentou elementos novos da música africana, norte-americana e jamaicana (reggae), ao já vasto repertório, e continuou lançando álbuns como Realce e Refazenda. João Gilberto gravou a canção "Eu Vim da Bahia", de Gil, no clássico LP João Gilberto.
Em fins de 1968, Gil e Caetano Veloso, cuja importância no Brasil era, e é, de certa forma comparável à de John Lennon e Paul McCartney no mundo anglófono, foram presos pelo regime militar brasileiro instaurado após 1964 devido a supostas atividades subversivas, de que foram taxados. Ambos exilaram-se por ocasião do AI-5 (Ato Institucional 5) do governo militar em vigência no Brasil a partir de 1969 emLondres.[6]
Nos anos 1970 iniciou uma turnê pelos Estados Unidos e gravou um álbum em inglês. De volta ao Brasil, em 1975 Gil grava Refazenda, um dos mais importantes trabalhos que, ao lado de Refavela, gravado após uma viagem ao continente africano, e Realce, formariam uma trilogia RE. Refavela traria a canção "Sandra", onde, de forma metafórica, Gil falaria sobre a experiência de ter sido preso por porte de drogas durante um excursão ao sul do país e ter sido condenado à permanência em manicômio judiciário, ou conforme denominação eufemística, casa de custódia e tratamento, entretanto designada por Gil como hospício.
Fechamento da trilogia, Realce, apesar de trazer em uma de suas faixas um dos mais belos e marcantes sucessos de Gil, Superhomem (influenciado pelo lançamento, um ano antes, do filme Superman), causaria certa polêmica quando alguns considerariam a canção título, inspirada na disco music, como uma ode ao uso de cocaína, isto talvez explicitado pelos versos: realce, quanto mais purpurina melhor.
Ao lado dos colegas Caetano Veloso e Gal Costa, lançou o disco Doces Bárbaros, do grupo batizado com o mesmo nome e idealizado por Maria Bethânia, que era um dos vocais da banda. O disco é considerado uma obra-prima; apesar disto, na época do lançamento (1976) foi duramente criticado. Doces Bárbaros foi tema de filme, DVD e enredo da escola de samba GRES Estação Primeira de Mangueira em 1994, com o enredo Atrás da verde-e-rosa só não vai quem já morreu, puxadores de trio elétrico no carnaval de Salvador, apresentaram-se na praia de Copacabana e para a Rainha da Inglaterra. O quarteto Doces Bárbaros era uma típica banda hippie dos anos 1970.
Inicialmente o disco seria gravado em estúdio, mas por sugestão de Gal e Bethânia, foi o espetáculo que ficou registrado em disco, sendo quatro daquelas canções gravadas pouco tempo antes no compactoduplo de estúdio, com as canções "Esotérico", "Chuckberry Fields Forever", "São João Xangô Menino" e "O seu amor", todas gravações raras.
A primeira apresentação de Gilberto Gil em São Paulo ocorreu em 1965 quando cantou a música "Iemanjá", no V Festival da Balança, festival universitário de música promovido pelo Diretório Acadêmico João Mendes Jr. da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie. O Festival organizado pelo estudante de Direito Manoel Poladian, que mais tarde viria se tornar produtor musical, foi gravado pela gravadora RCA, e trata-se da primeira gravação em disco de Gilberto Gil e também de Maria Bethânia que participou do Festival com a música Carcará, o primeiro grande sucesso radiofônico, que a tornou nacionalmente conhecida.
Com Domingo no Parque, ao lado de Os Mutantes, causou sensação no Festival de Música da Record em 1967.
Gil foi também o único latino a participar do Festival da Ilha de Wight, em 1970, representando a Tropicália, ao lado dos maiores astros do rock-pop mundial da época, como The Who, Jimi Hendrix, Emerson, Lake and Palmer e The Doors.
Quando se realizou o III Festival de Música Popular Brasileira, produzido pela Rede Record, apareceram várias composições que tiveram enorme êxito junto ao público brasileiro e entre elas estavam Domingo no Parque, de Gilberto Gil e Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, que seriam o carro-chefe do tropicalismo, surgido "mais de uma preocupação entusiasmada pela discussão do novo do que propriamente como movimento organizado".
Segundo Celso F. Favaretto, em seu livro "Tropicália - Alegria, Alegria":
O procedimento inicial do tropicalismo inseria-se na linha de modernidade: incorporava o caráter explosivo do momento às experiências culturais que vinham se processando; retrabalhava, além disso, as informações então vividas como necessidade, que passavam pelo filtro da importação. Este trabalho consistia em redescobrir e criticar a tradição, segundo a vivência do cosmopolitismo dos processos artísticos, e a sensibilidade pelas coisas do Brasil.
O que chegava, seja por exigência de transformar as linguagens das diversas áreas artísticas, seja pela indústria cultural, foi acolhido e misturado à tradição musical brasileira. Assim, o tropicalismo definiu um projeto que elidia as dicotomias estéticas do momento, sem negar, no entanto, a posição privilegiada que a música popular ocupava na discussão das questões políticas e culturais. Com isto, o tropicalismo levou à área da música popular uma discussão que se colocava no mesmo nível da que já vinha ocorrendo em outras, principalmente o teatro, o cinema e a literatura. Entretanto, em função da mistura que realizou, com os elementos da indústria cultural e os materiais da tradição brasileira, deslocou tal discussão dos limites em que fora situada, nos termos da oposição entre arte participante e arte alienada. O tropicalismo elaborou uma nova linguagem da canção, exigindo que se reformulassem os critérios de sua apreciação, até então determinados pelo enfoque da crítica literária. Pode-se dizer que o tropicalismo realizou no Brasil a autonomia da canção, estabelecendo-a como um objeto enfim reconhecível como verdadeiramente artístico.

— Celso F. Favaretto
Tropicália, canção de Caetano Veloso, é um autêntico exemplo da verdadeira revolução operada na estrutura letrista da canção popular e da necessidade de se reestudar então os critérios de avaliação e compreensão da nova linguagem utilizada.
Em confronto com a Bossa Nova, o tropicalismo teve como preocupação principal os problemas sociais do país, aliada a uma ideologia libertadora, a um inconformismo diante da maneira de viver do povo brasileiro, o que gerou uma crescente onda de participação popular, em face dos agravantes problemas por que sofria a nação. Já a Bossa Nova quis mostrar uma nova concepção musical, calcada na versatilidade que a música brasileira oferece.
Os responsáveis diretos pelo tropicalismo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Tom Zé, Rogério Duprat e outros, sem dúvida alguma, deram um salto a mais na modernização da música popular, buscando formas alternativas de composição e explorando uma concepção artística de mudança radical, dentro de um clima favorável. Foi impressionante sua importância nesse sentido, pois, sendo o último grande movimento realizado no país, deixou marcas que seriam cultivadas com o amadurecimento de seus próprios criadores e daqueles que seguiram sua linha de pensamento.
Caetano Veloso e Gilberto Gil, líderes do tropicalismo, também estavam entre aqueles que tiveram cerceadas suas carreiras no Brasil, em seu período mais repressivo. Através de músicas de protesto e do próprio tropicalismo, lançaram a semente da conscientização e agitaram a opinião pública, sendo então enquadrados na lei de segurança nacional e expulsos do país. Seguiram para Londres, onde, segundo alguns fãs, viveram uma de suas melhores fases, no setor artístico. Compondo em inglês, conquistaram facilmente o público europeu; livres da influência da repressão, puderam deixar fluir em suas composições toda liberdade de expressão a que tinham direito. Somente retornariam ao solo pátrio, em 1972. Apresentando-se no programa Som Livre Exportação, declararam publicamente que continuariam trabalhando em prol da música popular brasileira.

Algumas composições
 "A Novidade", (1986)
 "Amor até o Fim", (1966)
 "Andar com Fé" (1982)
 "Aquele Abraço", (1969)
 "Barato Total", (1974)
 "Cálice" (com Chico Buarque), (1973)
 "Divino Maravilhoso" (com Caetano Veloso)
 "Domingo no Parque" (1967)
 "Eu Vim da Bahia" (1966)
 "Expresso 2222" (1972)
 "Geléia Geral" (com Torquato Neto), (1968)
 "Meio-de-Campo" (1973)
 "Oriente" (1972)
 "Procissão" (1965)
 "Se Eu Quiser Falar com Deus"
 "Soy Loco Por Ti America" (com Capinam e Torquato Neto) (1967)
 "Toda Menina Baiana"
 "Vamos Fugir"
 "Panis Et Circenses"(Com Caetano Veloso)
 "13 de Dezembro"

Anos 1980


Gil em uma apresentação
Trabalhou com Jimmy Cliff com quem fez, em 1980, uma excursão, pouco depois de ter feito uma versão em português de "No Woman, No Cry" (em português, "Não chores mais") sucesso de Bob Marley & The Wailers que foi um grande sucesso, trazendo a influência musical do reggae para o Brasil.
Originalmente idealizado para a montagem do ballet teatro do Balé Teatro Guaíra (Curitiba, 1982), o espetáculo O Grande Circo Místico foi lançado em 1983. Gil integrou o grupo seleto de intérpretes que viajou o país durante dois anos com o projeto, um dos maiores e mais completos espetáculos teatrais já apresentados, para uma plateia de mais de duzentas mil pessoas. Gil interpretou a canção "Sobre todas as coisas" composta pela dupla Chico Buarque e Edu Lobo. O espetáculo conta a história de amor entre um aristocrata e uma acrobata e da saga da grande família austríaca proprietária do Grande Circo Knie, que vagava pelo mundo nas primeiras décadas do século.
Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura, cantou no coro da versão brasileira de "We Are the World", o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para aÁfrica ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções "Chega de Mágoa" e "Seca d'Água"; é de Gil a autoria da composição de "Chega de Mágoa". Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.
Dentre as inúmeras composições consagradas pelo próprio Gil e na voz de outros intérpretes, estão: "Procissão", "Estrela", "Vamos Fugir", "Aquele Abraço", "A Paz", "Sítio do Pica-Pau Amarelo", "Esperando na Janela", "Domingo no Parque", "Drão", "Só Chamei Porque Te Amo", "Não Chores Mais [Woman No Cry]", "Andar com Fé", "Se Eu Quiser Falar com Deus", "Divino Maravilhoso", "A Linha e o Linho", "Com Medo com Pedro", "Objeto Sim Objeto Não", "Ela", "Pela Internet", "A Novidade", "Morena", "A Raça Humana", "Palco", "Realce", e outras.
Compôs para dezenas de artistas, como Elis Regina,Cazuza, Simone, Maria Bethânia, Gal Costa, Zizi Possi, Daniela Mercury, Carla Visi e Ivete Sangalo.

Prêmios
 3 de setembro de 2003 - recebe o Grammy Latino prêmio de Personalidade do Ano - Miami
 Maio de 2005 - recebe o Polar Music Prize do Rei Carlos XVI Gustavo da Suécia[9]
 15 de dezembro de 2006 - é premiado com o título Doutor Honoris Causa pela Universidade de Aveiro.
 11 de novembro de 2010 - vence mais dois prêmios no Grammy Latino por 'Melhor Álbum de Música Popular Brasileira' com 'BandaDois' e 'Melhor Álbum de Músicas de Raízes Brasileiras', por 'Fé na festa
Em 1989, mesmo gravando, fazendo espetáculos e se envolvendo em causas sociais, elegeu-se vereador em Salvador, sua cidade natal, pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) com exatos 11.111 votos. Em 21 de março de 1990, filia-se ao Partido Verde (PV), como membro da Comissão Nacional Executiva.
Em janeiro de 2003, quando o presidente Luís Inácio Lula da Silva tomou posse, nomeou-o para o cargo de ministro da Cultura, nomeação que originou severas críticas de personalidades como Paulo Autran[11] e Marco Nanini[12] em entrevistas à Folha de São Paulo.
Entretanto, permaneceu no cargo de ministro por cinco anos e meio. Deixou o ministério em 30 de julho de 2008 para voltar a dedicar-se com maior exclusividade à sua vida artística.[13] Em 28 de agosto, participou da solenidade de posse oficial de seu sucessor no ministério, Juca Ferreira.[14]
Ele teve uma recaída e quer voltar a ser um grande artista. Gil não é imprescindível apenas para a política.


Cargos
 De 1989 – 1992 foi vereador na Câmara Municipal de Salvador (teve exatos 11.111 votos)
 De 1 de janeiro de 2003 – 30 de julho de 2008 foi ministro da Cultura



Liberdade digital


Gilberto Gil durante a Teia 2007 naCasa do Conde em Belo Horizonte.
Gilberto Gil é um dos principais defensores do Software Livre e da Liberdade Digital. Em 29 de janeiro de 2005, durante um debate sobre Software Livre no Fórum Social Mundial 2005, foi muito aplaudido após defender o Software Livre e a Liberdade Digital. Algumas de suas palavras neste debate:
A batalha do software livre, da Internet livre e das conexões livres vão muito além delas, de seus interesses. É a mais importante, e também a mais interessante, e a mais atual das batalhas políticas. Claro que há uma revolução francesa, ou várias revoluções francesas, a fazer no planeta, seja dentro dos países, seja no comércio internacional. Ainda nos defrontamos não apenas com discursos do século XIX, mas também com realidades do Século 19. Mas não podemos secundarizar o presente. E o futuro.

—Gilberto Gil
Não se trata de um movimento "anti", mas de um movimento "pro", ou seja, a favor da valorização e da disseminação de uma nova cidadania global, da capacidade de autodeterminação das pessoas, de novas formas de interação e articulação, da liberdade real de produção e difusão da subjetividade, da busca do saber, da informação, do exercício da sensibilidade e da coletividade. E como estou valorizando o lado "pro" do Fórum, quero propor a vocês a constituição imediata, a partir deste encontro, de uma convocação global pela liberdade digital da humanidade, complementar à convocação global pela erradicação da pobreza lançada por diversas ONGs neste Fórum e abraçada pelo presidente Lula. Sejamos corajosos e substantivos em relação a isso.

—Gilberto Gil
Todo esse movimento visa uma mudança de comportamento social muito maior que repensa a forma como é tratado o direito autoral hoje.
Lembrando que Gilberto Gil participou recentemente de um disco livre promovido mundialmente pela Creative Commons com a música Oslodum.
Em 11 de Março de 2007, o jornal estadunidense The New York Times dedicou uma matéria aos esforços de Gilberto Gil em relação a "flexibilizar direitos autorais". A matéria, intitulada Gilberto Gil Hears the Future, Some Rights Reserved (Gil ouve o futuro, com alguns direitos reservados) elogia o trabalho do ministro da cultura quanto à aliança formada com a Creative Commons em 2003, uma de suas primeiras ações como ministro. "Minha visão pessoal é que a cultura digital traz consigo uma nova ideia depropriedade intelectual, e que esta nova cultura de compartilhamento pode e deve informar políticas governamentais.", disse Gil.[

Discografia
 1963 - Salvador - 1962/1963
 1967 - Louvação
 1968 - Gilberto Gil
 1968 - Tropicália - (com Os Mutantes, Caetano Veloso, Nara Leão e Gal Costa, etc)
 1969 - Gilberto Gil
 1970 - Copacabana Mon Amour
 1971 - Gilberto Gil (Nega)
 1972 - Barra 69 - Caetano e Gil Ao Vivo na Bahia
 1972 - Expresso 2222
 1974 - Cidade Do Salvador
 1974 - Gilberto Gil ao Vivo
 1975 - Refazenda
 1975 - Gil & Jorge - Ogum - Xangô
 1977 - Refavela
 1978 - Gilberto Gil ao Vivo em Montreux
 1978 - Refestança
 1979 - Nightingale
 1979 - Realce
 1981 - Brasil
 1981 - Luar (A Gente Precisa Ver o Luar)
 1981 - Um Banda Um
 1980 - Triler
 1983 - Extra [WEA Latina]
 1984 - Quilombo (Trilha Sonora)
 1984 - Raça Humana
 1985 - Dia Dorim Noite Neon
 1987 - Gilberto Gil em Concerto
 1987 - Trem Para as Estrelas (Trilha Sonora)
 1988 - Ao Vivo em Tóquio (Live in Tokyo)
 1989 - O Eterno Deus Mu Dança
 1991 - Parabolicamará
 1994 - Acústico MTV (disco de platina)
 1995 - Esoterico: Live in USA 1994
 1995 - Oriente: Live in Tokyo
 1996 - Em Concerto
 1996 - Luar
 1997 - Indigo Blue
 1997 - Quanta (disco de ouro)
 1998 - Ao Vivo em Tóquio (Live in Tokyo) [Braziloid]
 1998 - O Sol de Oslo
 1998 - O Viramundo (Ao Vivo)
 1998 - Quanta Gente Veio Ver
 1998 - Ensaio Geral (caixa com gravações de 1967 a 1977)
 2000 - Me, You, Them [Brazil]
 2001 - Milton e Gil (disco de ouro)
 2001 - São João Vivo (disco de ouro)
 2002 - Kaya N'Gan Daya (disco de ouro)
 2002 - Quanta Live [Brazil]
 2002 - Z: 300 Anos de Zumbi
 2004 - Eletrácustico (disco de ouro)
 2005 - Ao Vivo
 2005 - As Canções de Eu, Tu, Eles (disco de platina)
 2005 - Soul of Brazil
 2006 - Gil Luminoso
 2006 - Rhythms of Bahia
 2008 - Banda Larga Cordel
 2009 - BandaDois - Ao Vivo
 2010 - Fé na Festa
 2010 - Fé na Festa: Ao Vivo

Bibliografia
 BOTAFOGO, Judite. Tropicalismo - Ideologia ou utopia?. Recife: Nova Presença, 2003
 GIL, Gilberto. Todas as letras. Org. de Carlos Rennó. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
 GIL, Gilberto. Todas as letras. Org. de Carlos Rennó. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
 MORAIS JUNIOR, Luis Carlos de. O Sol nasceu pra todos:a História Secreta do Samba. Rio de Janeiro: Litteris, 2011.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Maria Bethânia

Maria Bethânia Viana Teles Veloso[1], mais conhecida como Maria Bethânia (Santo Amaro da Purificação, Bahia, 18 de Junho de 1946), é uma cantora brasileiraque tem a marca de ser a segunda artista feminina em vendagem de discos do Brasil, sendo a maior da MPB, com 26 milhões de cópias. Atende pela alcunha deAbelha-rainha por causa do primeiro verso da música que dá nome ao LP Mel de 1979.
Considerada por muitos brasileiros uma das maiores cantoras da história do Brasil. É irmã caçula do compositor Caetano Veloso e da poetisa e escritora Mabel Velloso.
Nascida na Bahia, é a sexta filha de José Teles Veloso (Seu Zezinho), funcionário público dos Correios, e de Claudionor Viana Teles Veloso (Dona Canô). É irmã da escritora Mabel Velloso, do compositor Caetano Veloso, e tia da cantora Belô Velloso e de Jota Velloso.
Seu nome foi escolhido pelo irmão Caetano Veloso, inspirado em uma canção famosa à época, a valsa Maria Betânia, do compositor Capiba, um sucesso na voz deNélson Gonçalves.
Maria Bethânia tornou-se uma das principais intérpretes da música brasileira, pois alguns críticos da música a julgam como incapaz de escrever suas próprias composições. Assim como Caetano, um dos maiores cantores e compositores contemporâneos brasileiros, mundialmente conhecido.
Bethânia foi criada na cidade de Santo Amaro da Purificação e, por ter sido criada na religião católica com influência do candomblé, é devota de vários santos e adepta tradicional do segmento religioso africano Ketu. Cantou diversas músicas em homenagem a sua mãe de cabeça, Iansã
Hoje considerada uma das maiores intérpretes de sua geração, na infância sonhava em ser atriz, mas o dom para a música falou mais alto. Participou na juventude de espetáculos semi-amadores em parceria com Tom Zé, Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil; em 1960 mudou-se para Salvador na intenção de terminar os estudos e passou a frequentar o meio artístico, ao lado do irmão Caetano. Em 1963, estreou como cantora na peça Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues. No ano seguinte, apresentou espetáculos como Nós por Exemplo, Mora na Filosofia e Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova, ao lado do irmão Caetano Veloso e o colega Gilberto Gil, então iniciantes, a quem lançou como compositores e cantores nacionais e a cantora Gal Costa, dentre outros.
A data oficial da estreia profissional é 13 de fevereiro de 1965, quando substituiu a cantora e violonista Nara Leão no espetáculo Opinião pois a mesma precisou se afastar por problemas de saúde. Nesse mesmo ano, foi contratada pela gravadora RCA, que posteriormente transformou-se em BMG (atualmente Sony BMG), onde gravou o primeirodisco, lançado em junho daquele mesmo ano. O primeiro sucesso foi a canção de protesto Carcará, no repertório deste, que também incluía, dentre outras, as músicas Mora na filosofia, Andaluzia, Feitio de oração e Sol negro, esta última em dueto com Gal Costa (que à época ainda usava o nome artístico de Maria da Graça). Depois lançou um compacto triplo, Maria Bethânia canta Noel Rosa, que trouxe as músicas Três apitos, Pra que mentir, Pierrot apaixonado, Meu barracão, Último desejo e Silêncio de um minuto, acompanhada apenas por um violão, de Carlos Castilho. Ainda em 1966, depois de voltar à Bahia por um breve período, participou dos espetáculos Arena canta Bahia e Tempo de guerra, ambos dirigidos por Augusto Boal, também competindo em festivais. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, apresentou-se em teatros e casas noturnas de espetáculos, tornando-se assim nacionalmente conhecida.
Foi também a idealizadora do grupo Doces Bárbaros, onde era um dos vocais da banda, que lançou um disco ao vivo homônimo juntamente com os colegas Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil. O disco é considerado uma obra-prima; apesar disto, curiosamente na época do lançamento (1976) foi duramente criticado. Doces Bárbarosera uma típica banda hippie dos anos 1970, e ao longo dos anos, este lema foi tema de filme com direção de Jom Tob Azulay, DVD, enredo da escola de samba Estação Primeira de Mangueira em 1994 com a canção Atrás da verde-e-rosa só não vai quem já morreu, já comandaram trio elétrico no carnaval de Salvador, espetáculos na praia de Copacabana e uma apresentação para a Rainha da Inglaterra. Sobre esse encontro, escreveu Caetano Veloso: Eu, Gil e Gal podemos nos discutir as atitudes e as posturas, mas com relação a Betânia há sempre um respeito aristocrático que o ritmo do seu comportamento exige. E nós estamos sempre aprendendo com ela algo dessa majestade.
Inicialmente o disco seria registrado em estúdio, mas por sugestão de Gal e Bethânia, foi o espetáculo que ficou registrado em disco, sendo quatro daquelas canções gravadas pouco tempo antes no compactoduplo em estúdio, com as canções Esotérico, Chuckberry fields forever, São João Xangô Menino e O seu amor, todas gravações raras.
Desde a década de 1960, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), até o fim da década de 1980, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos que apresentavam os novos talentos, registrando índices recordes de audiência. Maria Bethânia participou do especial Mulher 80 (Rede Globo), um desses marcantes momentos da televisão; o programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então abordando esta temática no contexto da música nacional e da ampla preponderância das vozes femininas, com Elis Regina, Fafá de Belém, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna, Zezé Motta, Gal Costa, Maria Bethânia e as participações especiais das atrizes Regina Duarte eNarjara Turetta, que protagonizaram o seriado Malu Mulher.
Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura e feminismo cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de Mágoa e Seca d´Água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.
Foi a primeira cantora brasileira a vender mais de um milhão de cópias em um único disco (Álibi, 1978, que contou com as respectivas participações especiais da sambista Alcione e Gal Costa nas músicas O meu amor e Sonho meu) e esse sucesso se repetiu nos dois álbuns subsequentes: Mel e Talismã (1980), que também obtiveram expressivas vendas (inclusive este último chegou a ver 700 mil cópias em quinze dias com a participação dos cantores e compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil na faixa Alguém me avisou), e inovou no gênero acústico com os dois trabalhos seguintes, Ciclo (1983) e A Beira e o Mar(1984), contrastando totalmente com a sonoridade da época, os trabalhos comerciais, com arranjos e teclados de Lincoln Olivetti, que não tiveram o mesmo apelo popular. Neste primeiro, considerado pela artista o melhor de toda a trajetória, os erros de divulgação da gravadora comprometeram o sucesso do disco onde Fogueira foi a única canção a obter destaque e foi incluída na trilha sonora da novela global Transas e caretas de Lauro César Muniz, tendo sido elogiado pela crítica especializada e recebido com estranheza pelo grande público, apresentando um repertório de onze canções, das quais nove eram inéditas, e apenas duas regravações (Rio de Janeiro - Isto é o meu Brasil e Ela disse-me-assim) e no LP A Beira e o Mar, originado do espetáculo A hora da estrela, cujo título remete ao famoso livro homônimo de Clarice Lispector, o repertório misturou canções inéditas e regravações (Na primeira manhã, Nossos momentos, ABC do Sertão, Somos iguais e Sonho impossível – esta última gravada pela terceira vez, já que havia sido gravada anteriormente nos álbuns A cena muda e Chico Buarque e Maria Bethânia - ao vivo e dali a treze anos, novamente no CD Imitação da vida), também foi pouco divulgado e se definiu a primeira saída da gravadoraPolygram (atualmente Universal Music), de onde era contratada desde 1971 (com o álbum Maria Bethânia Viana Teles Veloso - A tua presença, sucesso de público e crítica) e à qual só retornaria dali a cinco anos. O disco que marca essa volta é Memória da Pele; durante este intervalo de tempo, aconteceu uma breve passagem pela primeira gravadora, a RCA, com a qual assinou contrato para a gravação de três discos, mas acabou gerando apenas dois. São eles: Dezembros e Maria, lançados em 1986 e 1988, respectivamente.

A antológica interpretação de Na primeira manhã surpreendeu Milton Nascimento, inspirando-o a escrever, em parceria com Fernando Brant, a música Canções e momentos inclusa no repertório do discoDezembros, do qual também fez participação especial nesta música, que também trazia, dentre outras, os sucessos Anos dourados, Gostoso demais e Errei sim.
Já o cd Maria, originado do espetáculo homônimo dirigido por Fauzi Arap no ano anterior, contou com as participações especiais da cantora Gal Costa (na toada O ciúme, acompanhada somente do sintetizadorde Benoit Corboz, que também escreveu o arranjo para esta canção) e duas internacionais: o grupo sul-africano Lady Smith Black Mambazo (na faixa de abertura, A terra tremeu/Ofá) e a atriz francesa Jeanne Moureau (na música Poema dos olhos da amada, declamando uma versão em francês do poema de Vinícius de Morais); não fosse pelo sucesso de duas músicas românticas nas paradas de sucesso, as baladasTá combinado e Verdades e mentiras, que integraram a trilha sonora das novelas globais Vale tudo e Fera radical, respectivamente, faixas com certo apelo para as rádios, este trabalho teria sido um dos maisanticomerciais da carreira até então, pois contou com uma leitura totalmente acústica – e isto em plena ascensão das duplas pop/sertanejas e do advento da lambada.
Em 1990, Bethânia comemorou 25 anos de carreira com o LP 25 Anos, cujo repertório, essencialmente brasileiro, evocava diversas culturas deste país, trazendo canções consagradas e pouco conhecidas, entre regravações e inéditas. O disco contou com a participação especial de vários cantores e músicos, dentre os quais Gal Costa, Alcione, João Gilberto, Egberto Gismonti, Nina Simone, Fátima Guedes, Hermeto Paschoal, Sivuca, Wagner Tiso, Toninho Horta, Jacques Morelenbaum, Jaime Alem, Márcio Montarroyos, Mônica Millet, Almir Sater, Flávia Virgínia, Nair de Cândia, Armando Marçal, Djalma Correia, Álvaro Millet, Gordinho (Antenor Marques Filho), Zeca Assunção, Wilson das Neves, José Roberto Bertrami, Jamil Joanes, Jurim Moreira, orquestra de cordas e bateria da escola de samba GRES Estação Primeira de Mangueira, com regência de Mestre Taranta (participou duas vezes do disco - na faixa de abertura, uma vinheta colada a um texto de Mário de Andrade e a música O canto do pajé - e também na faixa que encerrava o projeto, Palavra, que no final fez uma citação musical à famosa canção de Chico Buarque Apesar de você); o disco emplacou duas músicas nas paradas de sucesso, as regionalistas Tocando em frente e Flor de ir embora, que integraram as trilhas das novelas rurais Pantanal e A história de Ana Raio e Zé Trovão, respectivamente, ambas exibidas pela extinta Rede Manchete. O feito de gravação de discos acústicos se repetiu no álbum subsequente, Olho d´Água, lançado em 1992, que não obteve maior repercussão devido à falta de divulgação eficiente por parte da gravadora; no repertório deste, destaque somente para a canção regionalista Além da última estrela, que integrou a trilha sonora da novela global Renascer, de Benedito Ruy Barbosa, exibida no ano seguinte. O álbum também nos mostrou uma incursão pela religiosidade (Ilumina, Medalha de São Jorge, Louvação a Oxum, Rainha negra uma homenagem a cantora Clementina de Jesus e Búzio), abrindo e fechando com uma vinheta da música Sodade meu bem sodade, de Zé do Norte.
O sucesso de vendagem voltou em 1993 quando do lançamento do CD As canções que você fez pra mim, que gerou mais de um milhão de cópias e foi convertido para uma versão hispânica (no caso, Las canciones que hiciste para mi) com parte do repertório (sete das onze músicas foram convertidas - a faixa-título, Fiera herida (Fera ferida, um dos hits do disco, tema de abertura da novela homônima global),Palabras (Palavras), Tú no sabes (Você não sabe), Necesito de tu amor (Eu preciso de você), Tú (Você, esta incluída na trilha sonora da novela global Pátria Minha de Gilberto Braga cujo título remete ao famoso poema homônimo de Vinícius de Morais - justamente a sucessora de Fera Ferida) e Emociones (Emoções, um dos grandes sucessos de Roberto) - das que ficaram de fora Olha, Costumes, Detalhes e Seu corpo), que consistiu em um tributo à dupla de cantores e compositores Roberto e Erasmo Carlos, evocando onze parcerias entre ambos. Este disco, além de originar um LP promocional para a Coca-Cola com uma entrevista entre parte do repertório (Emoções, Costumes, Olha e Seu corpo), gerou também um VHS (relançado em DVD em 2009) e um espetáculo calcado na divulgação do disco anterior, dirigido por Gabriel Vilela na casa Canecão (Rio de Janeiro), do qual saiu o trabalho que marca a despedida definitiva da Universal Music: Maria Bethânia ao vivo, de 1995, o último a ter versão em vinil, porém já estava sofrendo com o problema de pressão de espaço físico, com quatro músicas a menos. São elas: Fé cega faca amolada, Detalhes, Você não sabe (as duas últimas, já inclusas no álbum-tributo a Roberto) eReconvexo (gravada pela cantora no álbum Memória da Pele), inclusas somente no CD. Este disco trouxe regravações dos antigos sucessos entre outras canções consagradas e do álbum de estúdio anterior dedicado a Roberto Carlos.


Curiosidades
Maria Bethânia é terceira artista feminina em vendagem de discos na história do Brasil, atrás de Xuxa, que tem seus discos voltados ao público infanto-juvenil, com 30 milhões de discos, e de Rita Lee, cantora de MPB/Rock, que supera a marca dos 55 milhões de discos.
Revolucionou a forma de se fazer espetáculos no Brasil, intercalando músicas com poemas - Fernando Pessoa, poeta português, Vinícius de Moraes a quem chegou a dedicar um disco inteiro em 2005, Que falta você me faz (a gravação deste álbum foi concluída em janeiro de 2004 mas somente lançado no ano seguinte, em comemoração aos 40 anos de carreira e amizade com Vinícius, contando com a participação especial deste na declamação do poema Poética I e na música Nature boy (Encantado)), Clarice Lispector - criando um estilo próprio e que muito lembra peças teatrais. Vários dos espetáculos estão entre os mais importantes da história da música popular brasileira, onde se destacam diversos, como Recital na Boite Barroco (1968), o primeiro disco gravado ao vivo, Maria Bethânia ao vivo (1970), ambos lançados pela gravadora EMI, Rosa dos Ventos - o show encantado (1971) produzido e dirigido por Fauzi Arap, Drama terceiro ato - luz da noite gravado ao vivo no Teatro da Praia na capital fluminense (1973), A cena muda(1974), gravado ao vivo no Teatro Casa Grande, onde não declamou poemas - como o próprio título sugere, tendo sido um dos espetáculos mais ousados da trajetória da artista, Chico Buarque e Maria Bethânia ao vivo (1975), Maria Bethânia e Caetano Veloso ao vivo (1978), e Nossos momentos (1982), gravado entre 29 de setembro e 3 de outubro daquele ano, contendo a antológica interpretação de Vida e O que é o que é, esta última lançada pelo autor Gonzaguinha no mesmo ano, que seria o bis preferido dos espetáculos dali por diante. Isso explica a presença de vários discos ao vivo na carreira da artista - mais especificamente catorze, onde se inclui um gravado na Argentina (Mar del Plata), com Vinícius de Moraes e Toquinho; já como intérprete, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim, Noel Rosa, Gonzaguinha, Roberto Carlos, Vinícius de Moraes, Roberto Mendes, Jorge Portugal e Milton Nascimento, são os compositores com maior número de interpretações na voz. Maria Bethânia é carinhosamente chamada por Roberto Carlos de minha rainha.
Os muitos fãs sempre cultivaram uma rivalidade com os da cantora Elis Regina, no eterno debate que até hoje não teve fim sobre qual seria a maior cantora da história do Brasil. Elis, por sua vez, declarou Gal Costa a maior cantora do país. Bethânia, mais reservada, nunca se pronunciou sobre esse debate, inclusive se declara até hoje fã de Elis, isso desde a entrevista no jornal O Pasquim (5 de setembro de 1969), deu nota dez para a rival. Em 1999, quando regravou uma canção que fez antigo sucesso na voz de Elis, Romaria (Renato Teixeira), no disco A força que nunca seca, lançado pela gravadora BMG, Bethânia reafirmou ser admiradora. Inclusive este disco, cuja faixa-título foi dedicada à memória de Mãe Cleusa do Gantois, além de trazer músicas inéditas e releituras de clássicos (O trenzinho caipira com citação de trechos do poema O trem de Alagoas de Ferreira Gullar, Luar do sertão/Azulão, Espere por mim morena, Gema - esta já gravada pela cantora anteriormente no álbum Talismã, As flores do jardim da nossa casa), trouxe a polêmica interpretação de É o amor, originalmente gravada pela dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, que foi bastante criticada. Esta foi incluída na trilha sonora da novela global Suave Veneno, deAguinaldo Silva, exibida àquele mesmo ano. Em seguida, houve um espetáculo que divulgou o disco anterior, do qual saiu o CD duplo Diamante verdadeiro, gravado em agosto, que trouxe canções do referido CDde estúdio (exceto Espere por mim morena), regravações dos antigos sucessos entre outros clássicos, além de textos de Fernando Pessoa (Autopsicografia), Manuel Alegre (Senhora das tempestades) e Castro Alves (O navio negreiro).
Muitos são os trabalhos da cantora Maria Bethânia que são referências obrigatórias para a história da música popular brasileira, entre outros estão: Maria Bethânia (1969), Drama - anjo exterminado, com produção do irmão Caetano Veloso (1972), Pássaro Proibido (1976) que trouxe o primeiro grande sucesso na faixa de rádios AM - a antológica canção Olhos nos olhos com destaque também para Amor amor, Pássaro da manhã (1977) onde pela primeira vez declamou poemas em estúdio originado do espetáculo homônimo dirigido por Fauzi Arap e cenário de Flávio Império recebendo o segundo disco de ouro da carreira (o primeiro foi no álbum lançado no ano anterior) com as músicas, dentre outras, Um jeito estúpido de te amar (lançada por Roberto Carlos no ano anterior colado a um texto de Fauzi Arap, com fundo musical de Jogo de damas) e Teresinha, Alteza (1981) que contou com as participações especiais de Caetano Veloso, Gilberto Gil e a irmã Nicinha (no samba Purificar o Subaé), Âmbar (1996), lançado pela gravadora EMI que comemorou os 50 anos de idade trazendo canções inéditas, de novos compositores da MPB entre outras releituras de clássicos (Chão de estrelas, Quando eu penso na Bahia que contou com a participação especial de Chico Buarque e Ave Maria) gerando um espetáculo dirigido por Fauzi Arap do qual saiu o elogiadíssimo CD duplo Imitação da vida gravado na casa de espetáculos Palace (São Paulo, dezembro de 1996) e que incluiu onze textos de Fernando Pessoa e seus heterônimos, Brasileirinho (2003), o primeiro lançado pelo próprio selo Quitanda, unanimidade de crítica e público, com repertório essencialmente brasileiro, evocando diversas culturas deste país e trazendo textos de Guimarães Rosa - Felicidade se acha é em horinhas de descuido, Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura eQuem castiga nem é Deus, é os avessos (extraído do livro Rosiana, coletânea de conceitos, máximas e brocadas do autor, organizada em 1983 por Paulo Ronai), Mário de Andrade (O descobrimento e O poeta come amendoim) e Vinícius de Morais (Pátria minha), contando com as participações especiais do escritor/poeta Ferreira Gullar (recitando o poema O descobrimento), o Grupo Uakti grupo experimental mineiro (na faixa Salve as folhas), Grupo Tira Poeira formado por cariocas, gaúchos e catarinenses (na faixa Padroeiro do Brasil), Denise Stoklos (declamando o poema O poeta come amendoim), as cantoras Miúcha eNana Caymmi (nas respectivas faixas Cabocla Jurema/Ponto de Janaína e Texto de Guimarães Rosa/Suçuarana), Ricardo Amado e Márcio Malard (violino e violoncelo, respectivamente, na faixa Senhor da floresta), e também originou um DVD, e Pirata (2006), que traz textos de Guimarães Rosa (Perto de muita água, tudo é feliz, Pensar na pessoa que se ama, Amor é sede depois de se ter bem bebido, Só na foz do rio é que se ouvem os murmúrios de todas as fontes, O mundo do rio não é o mundo da ponte e O sertão é uma espera enorme), Fernando Pessoa (Todo cais é uma saudade de pedra), Antônio Vieira(Poesia), João Cabral de Melo Neto (O rio), Jorge Portugal (Orixá), entre outras canções inéditas, regravações de músicas pouco conhecidas e consagradas da MPB, além de releituras de músicas que ela já havia gravado anteriormente (O tempo e o rio e Os argonautas).

Em 2001, desliga-se das grandes gravadoras, transferindo-se para a independente Biscoito Fino, de propriedade de Olivia Hime e Kati Almeida Braga. O disco que marca a estreia na nova gravadora é o duploMaricotinha ao vivo - comemorativo dos trinta e cinco anos de carreira, que trouxe regravações dos antigos sucessos seus entre outras canções consagradas, textos e do álbum de estúdio homônimo do ano anterior, cuja maior parte das canções era inédita e foi o último álbum lançado pela gravadora BMG, e também gerou seu primeiro DVD. Em 2003, ainda na Biscoito Fino, lança o selo Quitanda (23 de setembro), para gravar discos com menor apelo comercial e lançar artistas que admira, como Mart'Nália e Dona Edith do Prato. Paralelamente, houve o lançamento do álbum Cânticos, preces, súplicas à Senhora dos Jardins do Céu, gravado originalmente em 2000, que inicialmente não foi comercializado e distribuído numa tiragem limitada de duas mil cópias, apenas para angariar fundos para a restauração da matriz da cidade natal, em homenagem a Nossa Senhora; neste trabalho, a cantora reafirmou a religiosidade, presente em quase toda a obra. O disco contou com a participação especial da mãe, Canô Veloso, Gilberto Gil (violão e voz) e Nair de Cândia, nas respectivas faixas Ladainha de Nossa Senhora, Mãe de Deus das Candeias e uma versão em latim da Ave Maria.
Bethânia também atua em direções, já tendo dirigido vários artistas entre eles o irmão Caetano Veloso e Alcione. Ao mesmo tempo, produziu a homenagem Namorando a Rosa, a violonista Rosinha de Valença, que tocou alguns anos em sua banda, falecida em 2004 e teve grande participação na carreira da artista, dirigindo o espetáculo Comigo me desavim (1967), e nove anos depois gravou o álbum Cheiro de mato, do qual recebeu grande influência e também nos álbuns Maria Bethânia e Caetano Veloso ao vivo, Alteza (na faixa Caminho das Índias), Olho d´água, em um de seus últimos e trabalhos e principalmente no antológico Álibi, onde tocou violão em todas as faixas; o álbum contou com a participação especial de diversos nomes consagrados da MPB, como o irmão Caetano Veloso, Alcione, Chico Buarque, Bebel Gilberto, Ivone Lara, Délcio Carvalho, Yamandú Costa, Martinho da Vila, Turíbio Santos, Miúcha, Joanna, Hermeto Paschoal e a própria Bethânia. Em 2005, foi lançado o filme documentário sobre sua vida e carreira, Música é perfume.
Em 2006 foi a grande vencedora do Prêmio Tim (antigo Prêmio Sharp) de música onde arrebatou três títulos: melhor cantora, melhor disco (Que falta você me faz, um tributo a Vinícius de Morais) e melhor DVD(Tempo tempo tempo tempo, comemorativo dos quarenta anos de carreira). Bethânia, que sempre teve fama de anti-social, surpreendeu e compareceu à cerimônia de premiação. No mesmo ano, os CDs antigos -LPs originais que haviam sido relançados anteriormente em CD - voltaram às prateleiras, com encarte completo (na edição anterior ele havia sido suprimido/reduzido), letras de todas as músicas e textos - mesmo que a versão original não as tivesse - e texto interno com a história do álbum redigido pelo jornalista e crítico musical Rodrigo Faour, pois há muito tempo estavam fora de catálogo.
Ainda em 2006, lançou dois álbuns simultaneamente: Pirata, onde canta os rios do interior do Brasil e foi considerado pela crítica uma espécie de retomada de Brasileirinho, lançado três anos antes, e Mar de Sophia, onde canta o mar a partir de versos da poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner. A turnê de promoção dos dois discos foi batizada de Dentro do mar tem rio, com direção de Bia Lessa e roteiro do fiel colaborador Fauzi Arap, originando o álbum duplo homônimo, lançado em 2007.
Lançou em 2007 pela Biscoito Fino o DVD duplo que contempla dois documentários sobre a artista: Pedrinha de Aruanda e Bethânia Bem de Perto. Este primeiro é um registro singular da intimidade de uma das maiores intérpretes brasileiras de todos os tempos, tendo como ponto de partida a comemoração do aniversário de sessenta anos da cantora, celebrados durante uma apresentação em Salvador e uma missa emSanto Amaro, sua cidade natal, em 2006.
Ainda em 2007, novamente é a maior vencedora do Prêmio Tim, mas desta vez empatou com Marisa Monte. Bethânia, mais uma vez, compareceu à cerimônia, e levou para casa os troféus de melhor cantora, melhor disco (Mar de Sophia), melhor projeto gráfico (Pirata) e melhor canção (Beira-mar, do CD Mar de Sophia).
Em 2008, junta-se com a cantora cubana Omara Portuondo e segue em turnê pelo Brasil e países vizinhos, como Argentina e Chile; nos dias 4 e 5 de abril foi gravado o DVD ao vivo em Belo Horizonte no Palácio das Artes, sob a direção de Mário de Aratanha e a produção musical de Moogie Canázio, originando também um CD.
Em 2009, lançou o DVD Dentro do Mar tem Rio, registro do show ao vivo gravado nos dias 7 e 8 de dezembro de 2007, em São Paulo, com direção de Andrucha Waddington.
No mesmo ano, lança na Gafieira Estudantina os dois trabalhos mais recentes da carreira - Encanteria, onde canta as mais variadas formas de fé (pelo selo Quitanda) e Tua, com canções românticas (pelaBiscoito Fino); ambos são compostos por músicas inéditas e foram recebidos com muito entusiasmo pela crítica e público. O repertório do espetáculo calcado na divulgação dos dois trabalhos é composto por estas músicas intercaladas a antigos sucessos da artista. Seu título é batizado com três nomes que, segundo ela, foram herdados de sua tradição familiar: Amor, Festa e Devoção.
Em junho de 2010, após décadas sem se apresentar em um programa de TV, Maria Bethânia quebrou o autoexílio televisivo que se impôs para prestar uma homenagem ao cantor e compositor Erasmo Carlosdurante a edição especial do Programa Altas Horas pela passagem dos 50 anos de carreira do artista. Na ocasião, a diva interpretou As Canções Que Você Fez Pra Mim e Sentado à Beira do Caminho, protagonizando um dos maiores momentos da história da televisão brasileira nesta década.
Em março de 2011, a cantora se viu em meio a uma polêmica devido à autorização dada pelo Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet, para captar a quantia de R$ 1,3 milhão para a produção de um blog na internet. O fato provocou significativa reação em sites como Twitter e YouTube, onde diversos internautas gravaram vídeos protestando contra a autorização. O evento também jogou luz sobre a discussão acerca da legitimidade da Lei Rouanet, haja vista que a quantia, podendo ser abatida integralmente do imposto de renda, não deixa de ser recurso público, o que na prática significa uma curadoria com dinheiro público sob responsabilidade de empresas privadas.
Em setembro de 2011, a cantora veio a público afirmar que desistiu de participar do blog no qual recitaria poesias famosas diariamente devido a seu projeto de lançamento de um novo CD com canções inéditas.


Discografia

Estúdio
 1965 - Maria Bethânia - Sony Music/RCA
 1966 - Maria Bethânia Canta Noel Rosa - Sony Music/RCA
 1967 - Edu e Bethânia - Universal Music/Elenco
 1969 - Maria Bethânia - EMI
 1971 - A Tua Presença... - Universal Music/Philips/Polygram
 1971 - Vinicius + Bethânia + Toquinho - en La Fusa (Mar de Plata) - RGE
 1972 - Drama - Universal Music/Philips/Polygram
 1976 - Pássaro proibido - Universal Music/Philips/Polygram
 1977 - Pássaro da manhã - Universal Music/Philips/Polygram
 1978 - Álibi - Universal Music/Philips/Polygram
 1979 - Mel - Universal Music/Philips/Polygram
 1980 - Talismã - Universal Music/Philips/Polygram
 1981 - Alteza - Universal Music/Philips/Polygram
 1983 - Ciclo - Universal Music/Philips/Polygram
 1984 - A beira e o mar - Universal Music/Philips/Polygram
 1987 - Dezembros - Sony Music/RCA
 1988 - Maria - Sony Music/RCA
 1989 - Memória da pele - Universal Music/Polygram
 1990 - 25 anos - Universal Music/Polygram
 1992 - Olho d'água - Universal Music/Polygram
 1993 - As canções que você fez pra mim - Universal Music/Polygram
 1993 - Las canciones que hiciste para mí - Philips-PolyGram
 1996 - Âmbar - EMI
 1999 - A força que nunca seca - Sony Music
 2001 - Maricotinha - Sony Music
 2003 - Cânticos, preces, súplicas à Senhora dos jardins do céu na voz de Maria Bethânia - Sony Music/Biscoito Fino
 2003 - Brasileirinho - Quitanda
 2005 - Que falta você me faz - Músicas de Vinicius de Moraes - Biscoito Fino
 2006 - Pirata - Quitanda
 2006 - Mar de Sophia - Biscoito Fino
 2007 - Omara Portuondo e Maria Bethânia - Biscoito Fino
 2009 - Encanteria - Quitanda
 2009 - Tua - Biscoito Fino
[editar]Ao Vivo
 1968 - Recital na Boite Barroco - EMI
 1970 - Maria Bethânia Ao vivo - EMI
 1971 - Rosa dos ventos Ao vivo - Universal Music/Philips/Polygram
 1973 - Drama 3º ato - Universal Music/Philips/Polygram
 1974 - Cena muda - Universal Music/Philips/Polygram
 1975 - Chico Buarque & Maria Bethânia ao vivo - Universal Music/Philips/Polygram
 1976 - Doces bárbaros - Universal Music/Philips/Polygram
 1978 - Maria Bethânia e Caetano Veloso - ao vivo - Universal Music/Philips/Polygram
 1982 - Nossos Momentos - Universal Music/Philips/Polygram
 1995 - Maria Bethânia: Ao vivo - Universal Music/Polygram
 1997 - Imitação da Vida - EMI
 1998 - Diamante Verdadeiro - Sony Music
 2002 - Maricotinha: Ao Vivo - Biscoito Fino
 2007 - Dentro Do Mar Tem Rio - Biscoito Fino
 2010 - Amor, Festa, Devoção - Biscoito Fino
[editar]Compactos
 1965 - Maria Bethânia - Sony Music/RCA
 1965 - Maria Bethânia - Sony Music/RCA