Elizeth Cardoso (Rio de Janeiro, 16 de julho de 1920 — 7 de maio de 1990) foi uma cantora brasileira. Conhecida como A Divina, Elizeth é considerada uma das maiores intérpretes da música brasileira e um das mais talentosas cantoras de todos os tempos, reverenciada pelo público e pela crítica.
Elizeth Moreira Cardoso nasceu na rua Ceará, no subúrbio de São Francisco Xavier, e cantava desde pequena pelos bairros da Zona Norte carioca, cobrando ingresso (10 tostões) das outras crianças para ouvi-la cantar os sucessos de Vicente Celestino. O pai, seresteiro, tocava violão e a mãe gostava de cantar.
Primeira apresentação
Desde cedo precisou trabalhar e, entre 1930 e 1935, foi balconista, funcionária de uma fábrica de saponáceos e cabeleireira, até que o talento foi descoberto aos dezesseis anos, quando comemorava o aniversário. Foi então convidada para um teste na Rádio Guanabara, pelo chorão Jacob do Bandolim.
Apesar da oposição inicial do pai, apresentou-se em 1936 no Programa Suburbano, ao lado de Vicente Celestino, Araci de Almeida, Moreira da Silva, Noel Rosa e Marília Batista. Na semana seguinte foi contratada para um programa semanal na rádio.
Casou-se no fim de 1939 com Ari Valdez, mas o casamento durou pouco. Trabalhou em boates como taxi-girl, atividade que exerceria por muito tempo.
Em 1941, tornou-se crooner de orquestras, chegando a ser uma das atrações do Dancing Avenida, que deixou em 1945, quando se mudou para São Paulo para cantar no Salão Verde e para apresentar-se naRádio Cruzeiro do Sul, no programa Pescando Humoristas.
Estilo
Além do choro, Elizeth consagrou-se como uma das grandes intérpretes do gênero samba-canção (surgido na década de 1930), ao lado de Maysa, Nora Ney, Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Dolores Duran. O gênero, comparado ao bolero, pela exaltação do tema amor-romântico ou pelo sofrimento de um amor não realizado, foi chamado também de dor-de-cotovelo ou fossa. O samba canção antecedeu o movimento dabossa nova (surgido ao final da década de 1950, 1957). Mas este último representou um refinamento e uma maior leveza nas melodias e interpretações em detrimento do drama e das melodias ressentidas, da dor-de-cotovelo e da melancolia.
Elizeth migrou do choro para o samba-canção e deste para a bossa nova gravando em 1958 o LP Canção do Amor Demais,[1] considerado axial para a inauguração deste movimento, surgido em 1957. O antológico LP trazia ainda, também da autoria de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, Chega de Saudade, Luciana, As Praias Desertas e Outra Vez. A melodia ao fundo foi composta com a participação de um jovem baiano que tocava o violão de maneira original, inédita: o jovem João Gilberto.
Anos 1960
Em 1960, gravou jingle para a campanha vice-presidencial de João Goulart.[2] Nos anos 1960 apresentou o programa de televisão Bossaudade (TV Record, Canal 7, São Paulo). Em 1968 apresentou-se num espetáculo que foi considerado o ápice da carreira, com Jacob do Bandolim, Época de Ouro e Zimbo Trio, no Teatro João Caetano, em benefício do Museu da Imagem e do Som (MIS) (Rio de Janeiro). Considerado um encontro histórico da música popular brasileira, no qual foram ovacionados pela platéia; long-plays (Lps) foram lançados em edição limitada pelo MIS. Em abril de 1965 conquistou o segundo lugar na estréia do I Festival de Música Popular Brasileira (TV Record) interpretando Valsa do amor que não vem (Baden Powell e Vinícius de Moraes); o primeiro lugar foi da novata Elis Regina, com Arrastão. Serviu também de influência para vários cantores que viriam depois, sendo uma das principais a cantora Maysa.
Apelidos
Teve vários apelidos como A Noiva do Samba-Canção, Lady do Samba, Machado de Assis da Seresta, Mulata Maior, A Magnífica (apelido dado por Mister Eco) e a Enluarada (por Hermínio Bello de Carvalho). Nenhum desses títulos, porém, se iguala ao que foi consagrado por Haroldo Costa –- A Divina -- que a marcou para o público e para o meio artístico.
Elizeth Cardoso lançou mais de 40 LPs no Brasil e gravou vários outros em Portugal, Venezuela, Uruguai, Argentina e México.
Elizeth Cardoso morreu aos 69 anos, vítima de câncer.
Discografia
Álbuns de estúdio e compilações
(1955) Canções à Meia Luz
(1956) Fim de Noite
(1957) Noturno
(1958) Retrato da Noite
(1958) Canção do Amor Demais
(1958) Naturalmente
(1959) Magnífica
(1960) Sax Voz
(1960) A Meiga Elizeth
(1961) Sax Voz nº 2
(1962) A Meiga Elizeth nº 2
(1963) A Meiga Elizeth nº 3
(1963) Elizeth Interpreta Vinícius
(1963) A Meiga Elizeth nº 4
(1963) Elizeth Canta Seus Maiores Sucessos
(1963) Grandes Momentos com Elizeth Cardoso
(1964) A Meiga Elizeth nº 5
(1965) Quatrocentos anos de samba
(1965) Elizeth sobe o morro
(1966) Muito Elizeth
(1966) A bossa eterna de Elizeth e Cyro – Elizeth Cardoso e Cyro Monteiro
(1967) A enluarada Elizeth
(1968) Ao vivo no Teatro João Caetano - Elizeth Cardoso, Zimbo Trio e Jacob do Bandolim - Vol. I e II
(1968) Momento de Amor
(1969) Elizeth e Zimbo Trio na Sucata
(1970) Elizeth no Bola Preta com a Banda do Sodré
(1970) Falou e disse
(1970) É de manhã - Elizeth Cardoso e Zimbo Trio
(1970) Elizeth, a exclusiva
(1970) A bossa eterna de Elizeth e Ciro - Nº 2 - Elizeth Cardoso e Cyro Monteiro
(1971) Elizeth Cardoso
(1971) Elizeth Cardoso - Disco de ouro
(1971) Elizeth Cardoso e Silvio Caldas
(1971) Elizeth Cardoso e Silvio Caldas - Vol. II
(1972) Preciso Aprender A Ser Só
(1972) Elizeth Cardoso
(1974) Edição histórica - VOL. 3
(1974) Elizeth / Feito em Casa
(1974) Mulata Maior
(1975) Bossaudade - A bossa eterna
(1975) Elizeth Cardoso
(1976) Elizeth Cardoso
(1977) Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim, Zimbo Trio e Época de Ouro
(1978) A Cantadeira do Amor
(1978) Live in Japan
(1979) O Inverno do meu Tempo
(1980) Elizeth Cardoso nº 1
(1980) Elizeth Cardoso nº 2
(1980) Elizeth Cardoso nº 3
(1981) Elizethíssima
(1982) Outra vez Elizeth
(1982) Recital
(1983) Elizeth - Uma rosa para Pixinguinha
(1984) Leva meu Samba - Elizeth Cardoso e Ataulfo Júnior
(1986) Luz e Esplendor
(1989) Elizeth Cardoso
(1989) Elizeth Cardoso - Jacob do Bandolim - Zimbo Trio e Conj. Época de Ouro
(1991) Todo Sentimento
(1991) Ary Amoroso
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