A obra é uma adaptação do livro de mesmo nome, escrito por Roberto Drummond em 1993. Conta a história de Hilda Gualtieri Müller, a "Garota do Maiô Dourado", uma belíssima e recatada moça da família mineira, que no dia de seu casamento, em 1.º de abril de 1959, abandona o noivo e vai viver em um prostíbulo na zona boêmia de Belo Horizonte. Os seus motivos fazem parte de um mistério muito bem guardado por ela, que intriga o próprio Roberto Drummond, um jovem jornalista que trabalhava para o tablóide "Binômio", de José Maria Rabelo.
Hilda acaba por despertar a curiosidade dos editores do "Binômio", que escalam Roberto para acompanhar os acontecimentos na Zona Boêmia. Frei Malthus, amigo de infância de Roberto e clérigo bastante respeitado pela família de BH, realiza em plena praça o exorcismo de Hilda Furacão, mas uma súbita tempestade desaba, e todos saem correndo. Hilda, na confusão, perde seu sapato, que é achado por Malthus, e o esconde.
Tendo como cenário de fundo as transformações do Brasil naquela época, a
narrativa se desenvolve de maneira deliciosa, com vários núcleos além
dos personagens principais: a ambição de Aramel, o Belo, também amigo de
infância de Roberto, de se tornar galã de Hollywood; os conflitos entre
a modernidade e o conservadorismo na pequena Santana dos Ferros; a
militância comunista; a emisora de rádio Inconfidência e o apresentador
MC, apaixonado por Gabriela M. Enquanto isso, Hilda e Malthus se
aproximam cada vez mais, vivendo um amor intenso e proibido. A saída de
Hilda Furacão do Maravilhoso Hotel tem uma data marcada: o 1.º de abril
de 1964, exatamente 5 anos após sua chegada. Mas o dia da mentira também
traz o fim de um sonho e o início de um pesadelo, o do golpe militar.
A história parecia ter caído como uma luva para a televisão. Com a adaptação de Glória Perez e direção de Wolf Maia, a minissérie começa a ser gravada em novembro de 1997, contando com supervisão do próprio Roberto Drummond. Boa parte das locações é feita em Tiradentes, cidade histórica de Minas Gerais, e as gravações correm em ritmo acelerado, durando até fevereiro.
Mas o sucesso de Hilda Furacão é total. Estreando no dia 27 de maio de 1998 e com 31 capítulos, atinge uma audiência de até 32 pontos, superando inclusive a novela das 20 hs, "Torre de Babel". A série conseguiu cativar a atenção do país, em pleno desenrolar de uma Copa do Mundo. O livro de Roberto Drummond chega à lista dos mais vendidos, assim como o CD com a trilha sonora da minissérie. A Globo traduz a série para o francês e inglês, e a coloca à venda no mercado internacional.
Além da consagração de Ana Paula Arósio, a série ainda alavancou a carreira de vários atores, entre eles Matheus Natchergaele (o travesti "Cintura Fina"), Thiago Lacerda (Aramel) e Carolina Kasting (Bela B.). Justiça feita a tanto sucesso, "Hilda Furacão" recebeu o prêmio de melhor teledramaturgia de 1998 da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).
Ficha Técnica
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Adaptação: Glória Perez
Direção de núcleo: Wolf Maia
Direção: Maurício Farias e Luciano Sabino
Direção de Produção: Carlos Henrique Cerqueira Leite
Gerente de Produção: Roberto Câmara
Direção Musical: Mariozinho Rocha
Direção de Fotografia: Ricardo Gaglianone
Figurino e Direção de Arte: Yurika Yamazaki
Cenografia: Claudia Alencar e Alexandre Gomes
Elenco:
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Ana Paula Arósio (Hilda)
Rodrigo Santoro (Malthus)
Selton Mello (Roberto Drummond)
Thiago Lacerda (Aramel)
Stênio Garcia (Tonico Mendes)
Tereza Seiblitz (Gabriela M.)
Sérgio Loroza (MC - radialista)
Ricardo Blat (Cidinho - ajudante de Tonico Mendes)
Carolina Kasting (Bela B. - namorada de Roberto)
Eva Todor (Dna. Loló Ventura)
Rogério Cardoso (Ventura - marido de Dna. Loló)
Cininha de Paula (Luciana - amiga de Dna Loló)
Débora Duarte (Çãozinha - tia de Roberto)
Walderez de Barros (Ciana - tia de Roberto)
Marcos Oliveira (Zé Viana - namorado de Çãozinha)
Zezé Polessa (Dona Neném - mãe de Malthus)
Iara Jamra (Beata Fininha)
Mara Manzan (Nevita)
Marilena Cury (Alição - prostituta de Santana dos Ferros)
Thais Tedesco (Alice - prostituta de Santana dos Ferros)
Yachmin Gazal (Alicinha - prostituta de Santana dos Ferros)
Paulo Autran (Padre Nelson)
Marcos Frota (Padre Geraldo)
Guilherme Karan (João Dindim - sacristão)
Luís Mello (Padre Cyr)
Otávio (Mário Lago)
Chico Diaz (Orlando Bonfim - vereador de BH)
Cláudia Alencar (Divinéia)
Paloma Duarte (Leonor)
Rosi Campos (Maria Tomba-Homem)
Matheus Natchergaele (Cintura Fina)
Tarcísio Meira (Cel. João Possidônio)
Roberto Bonfim (Cel. João Filogônio)
Eliane Giardini (Dona Bertha Müller - mãe de Hilda)
Henri Pagnocelli (Sr. Müller - pai de Hilda)
Arlete Salles (Madame Janete - cartomante de Hilda)
A VERDADEIRA HILDA FURAÇÃO:
Quem a tirou dos prostíbulos
da Savassi, na capital mineira, foi simplesmente Paulo Valentim
(1932-1984), artilheiro e ídolo do esquadrão montado pelo time de
General Severiano a partir de 1955.
A verdadeira Hilda Furacão (na foto com Paulo Valentim em Buenos Aires )
nada tinha a ver, é óbvio, com a Ana Paula Arósio que viveu seu papel
na televisão. A autêntica Hilda Furacão casou-se na igreja com Paulo
Valentim, tendo como padrinho João Saldanha (1917-1990), numa cerimônia
que quase virou notícia de jornal. Quem me contou tudo isso foi meu
amigo Neivaldo Carvalho (1933-2006), um dos mais corajosos e ecléticos
jogadores que o Botafogo já teve até os dias de hoje e contemporâneo de
Paulo Catimba Valentim nos grandes e inesquecíveis tempos do clube de General Severiano.
A
cerimônia do casamento teve momentos de suspense. A certa altura, o
padre, com pouquíssima sutileza, fez um sermão e, dirigindo-se à Hilda,
disse que esperava que ela abandonasse de vez a chamada mais antiga das profissões.
Paulo Valentim irritou-se e queria bater no padre. Curiosamente, quem
interveio e evitou um conflito generalizado foi nada menos do que João
Saldanha, que de religioso não tinha nada, pois era marxista-leninista
de carteirinha. Por sorte a cerimônia chegou ao final e, entre mortos e
feridos, todos se salvaram. Só houve muito medo por parte dos coroinhas
que ajudavam o padre.
Daí
em diante, pelo menos a partir de 1984 – ano da morte de Paulo Valentim
– nada se sabe de Hilda Furacão. Neivaldo me dizia que acreditava que
ela teria ido para o México – por onde Paulo Valentim também andou – e
simplesmente desaparecido do mapa. Quanto a Paulo Valentim – ídolo
também no Boca Juniors, por fazer muitos gols no River Plate – sabe-se
apenas que morreu pobre em Buenos Aires ,
e que só não foi enterrado em cova rasa, para indigentes, porque o
presidente do Boca, J.J.Armando comprou-lhe uma sepultura modesta.
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ResponderExcluirMeu pai ,que sempre teve o futebol acima da família,nos contou essa história na época que foi anunciado a série. Então,história real.
ResponderExcluirTomara que a Hilda tenha sido sepultada neste túmulo onde foi sepultado seu Marido Paulo Valentin .
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