10) MARY MATOSO (Patricia Travassos), de “Vamp” (1991)
Vilãs
cômicas, quando bem construídas, são o máximo. Aqui temos um dos
exemplos mais bem-sucedidos da categoria. O texto inspiradíssimo de
Calmon casou perfeitamente com uma Patrícia Travassos simplesmente
infernal, deliciosa, na pele da terrível e engraçadíssima perua vampira.
Aliás, todo o grupo de vilões dessa novela foi um show à parte e Mary,
sensualíssima, torturando nossos ouvidos ao cantar “O amor e o poder” é
simplesmente impagável. Diva total! Risadas inesquecíveis com essa
personagem.
9) ISABELA FERRETO (Claudia Ohana), de “A próxima vítima” (1995)
Sonsa, lasciva, ordinária e extremamente cruel, a terrível vilã fez escola com as tias megeras, Francesca (Teresa Rachel) e Filomena (Aracy Balabanian),
(aqui mencionadas honrosamente, porque arrasaram também) e passou a
perna nas duas. Uma das mais dissimuladas vilãs de todos os tempos, ela
usava sua falsa candura para enganar as mulheres e sua sensualidade à
flor da pele para seduzir os homens. Tá certo que ela sofreu: levou uma
surra do noivo às portas do casamento, teve o rosto retalhado pelo
amante e terminou vendo o sol nascer quadrado. Mas essa devoradora de
homens aprontou bastante, inclusive cometendo assassinatos e, por isso,
conquista essa honrosa oitava posição.
8) MARIA ALTIVA (Eva Wilma), de “A Indomada” (1997)
“Oxente,
my god!”. Quem não se lembra desses e de outros bordões
anglo-nordestinos proferidos pela diabólica beata que infernizava a vida
dos moradores de Greenville? Uma personagem extremamente caricata que
só podia dar certo se fosse vivida por uma grande atriz. E Eva Wilma
deitou e rolou com o inspiradíssimo texto de Aguinaldo Silva, Ricardo
Linhares e equipe. Se atirou de cabeça na maravilhosa brincadeira e foi
over, over, over, sem medo de ser feliz. E ao melhor estilo do realismo
fantástico, mesmo depois de morrer queimada, ainda aparece no céu
gargalhando e ameaçando a população com um antológico “I’ll be back!!!”.
Pois aqui no melão, Altiva pode voltar o quanto quiser.
7) IDALINA (Nathalia Thimberg), de “Força de um desejo” (1999)
Que
atriz fantástica é Nathalia Thimberg. Consegue tanto despertar nosso
afeto e simpatia com a doce e frágil Celina de “Vale Tudo”, quando nosso
ódio eterno como a terrível Idalina ou Constância Eugênia, que figura
na lista de menções honrosas. No folhetim de Gilberto Braga e Alcides
Nogueira, Idalina não dava descanso à cortesã Ester (Malu Mader) e
armava as piores vilanias para se dar bem. Interesseira, mesquinha,
moralista, Idalina era capaz de tudo por um punhado de vinténs, mesmo
que isso significasse a infelicidade dos próprios netos. E o olhar de La
Thimberg assustava pra valer. Um dos grandes destaques dessa deliciosa
novela.
6) ISADORA VENTURINI (Silvia Pfeiffer), de “Meu bem meu mal” (1990)
Isadora
é daquelas vilãs clássicas: bonita, charmosa, rica, elegante e
implacável com seus oponentes. Talvez a inexperiência de Silvia Pfeiffer
tenha sido um fator positivo, já que grande parte da graça de Isadora
era a deliciosa canastrice de sua intérprete, que talvez não casaria tão
bem com uma atriz que oferecesse uma construção mais realista da
personagem da trama de Cassiano Gabus Mendes. O figurino de Isadora era
um espetáculo à parte. Isadora era fria e calculista, mas sempre na
maior elegância. Usou e abusou de Dom Lázaro (Lima Duarte) antes dele se
recuperar do derrame e preferir melão, chegando ao ponto de tentar
mata-lo asfixiado com um travesseiro. Só sucumbiu por causa do amor que
sentia por Ricardo (José Mayer), que foi absolvido pelo autor no final
da trama. À Isadora restou a presidência da Ventutini Designers e uma
solidão de rasgar o coração em um dos melhores finais de novela de todos
os tempos.
5) TEODORA (Debora Bloch), de “Salsa e Merengue” (1996)
Um
verdadeiro show! O que dizer? As maldades dessa vilã mais arrancavam
gargalhadas do que ira por parte do público. Teodora era deliciosa, uma
festa, com tiradas fantásticas que partiam das geniais mentes de Maria
Carmem Barbosa e Miguel Falabella e incorporadas com perfeição por
Debora Bloch. Politicamente incorretíssima, Teodora tinha uma empregada a
quem chamava de Sexta-feira, humilhava os pobres e chamava sua rival
Madalena, vivida por Patricia França, de aborígene, por esta ser de
origem humilde. O fato é que o sucesso de Teodora junto ao público foi
tanto que no final, acabou vencendo a mocinha e arrematando o mocinho
Eugênio (Marcelo Antony), com quem viveu feliz para sempre, junto de
seus gêmeos afrodescendentes, já que a inseminação artificial com a
intenção de conceber crianças loiras que se parecessem com Eugênio não
saiu como o planejado. O fato é que, cada capítulo de “Salsa e Merengue”
era aguardado, em grande parte, por causa do ótimo texto e das ótimas
tiradas de Teodora. Debora Bloch faturou o Troféu Imprensa de melhor
atriz daquele ano e a novela, infelizmente, nunca teve uma reprise.
Torçamos para que o Viva repare essa falha, pois o público merece rever
Teodora.
4) RAQUEL (Glória Pires), de “Mulheres de Areia” (1993)
Gloria
Pires já tinha feito misérias como Maria de Fátima em “Vale Tudo” e já
não precisava provar pra ninguém sua enorme potencialidade. Mas na trama
de Ivani Ribeiro, ela se superou, pois conseguiu a proeza de criar
quatro tipos diferentes: Ruth, Raquel, Ruth fingindo ser Raquel e Raquel
fingindo ser Ruth. E sem o menor sinal de caricatura, o público
percebia perfeitamente quem era quem, graças a um magnífico trabalho
cheio de sutilezas e nuances. Que atire a primeira pedra quem nunca se
divertiu quando a malvada Raquel destruía as esculturas de areia de
Tonho da Lua (Marcos Frota). Mais um golaço de Gloria e um trabalho
digno de figurar na galeria dos maiores de todos os tempos.
3) BRANCA LETÍCIA DE BARROS MOTTA (Susana Vieira), de “Por amor” (1997)
Branca
podia ser falsa, maldosa, cruel, traiçoeira, preconceituosa, mas uma
coisa ninguém nega: era uma delícia estar na companhia dela. Talvez a
mais sarcástica de todas as vilãs, Branca tinha uma tirada inteligente
para cada situação e, muitas vezes, era dolorosamente sincera ao
confessar a falta de sentimento pelo marido Arnaldo (Carlos Eduardo
Dolabella) e pelo filho Leonardo (Murilo Benício). O fato é que Branca
protagonizou grandes e memoráveis barracos, seja com a filha Milena
(Carolina Ferraz), seja com a rival Isabel (Cassia Kiss), este com
direito a tapas, empurrões, tesouradas e quedas em escadaria. Um grande
trabalho de Susana Vieira para se rever e aplaudir sempre.
2) VIOLANTE (Drica Moraes), de “Xica da Silva” (1996)
Que
Drica Moraes era uma fera do humor, ninguém duvidava. Mas na pele de
Violante em “Xica da Silva” provou que é uma das maiores e mais
versáteis atrizes de sua geração. Em uma novela de tom quase operístico,
de personagens grandiloquentes e caricatos, a começar pela
protagonista, Drica, sem alterar o tom da voz, mostrou toda sua
intensidade dramática com a ressentida e cruel Violante, um trabalho
magnífico, muitas vezes tendo o olhar como ponto alto. O olhar
fulminante de Violante e sua voz sussurrante causavam arrepios por todo o
Arraial do Tijuco. Sua aparente fleuma ocultava uma crueldade sem
limites e uma vontade ferrenha de destruir Xica (Taís Araújo) para ficar
com o contratador João Fernandes (Victor Wagner), sua grande paixão. Os
embates entre Xica e Violante eram memoráveis e Violante não poupava
Xica de apelidos jocosos como Sinhá Macaca. A novela da extinta Manchete
foi antológica, em grande parte, por conter uma grande vilã e uma atriz
talentosíssima dando vida a ela.
1) LAURINHA FIGUEROA (Glória Menezes), de “Rainha da Sucata” (1990)
No
início era apenas uma quatrocentona falida, que não perdia a pose e
explorava a empregada. Mas a partir da convivência com a perua emergente
Maria do Carmo (Regina Duarte), por quem tinha verdadeira repulsa,
Laurinha foi se tornando cada vez mais cruel. Tomada de ciúmes do
enteado Edu (Tony Ramos), com quem Maria do Carmo se casou e por quem
nutria uma paixonite, Laurinha chegou ao cúmulo de matar lenta e
dolorosamente o diabético marido Betinho (Paulo Gracindo), dono do
antológico bordão “Coisas de Laurinha”, com doses diárias de glicose no
lugar de insulina. Num ato de desespero, para incriminar a sucateira
ordinária Maria do Carmo, como ela mesma chamava, se atirou do alto de
um prédio em plena Avenida Paulista, numa das sequências de morte mais
famosas de toda a teledramaturgia. Os duelos de Laurinha com a sucateira
são inesquecíveis e a personagem é, de longe, minha preferida de Glória
Menezes, que a compôs com classe, elegância e também com uma
intensidade incrível. Glória se jogou na personagem e quem ganhou foi o
público.
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