Sou fã de Giovanna Antonelli, sim. Pronto, falei, estou leve! Mas isso não me deixa cego aos deslizes que ela e outras atrizes que admiro possam cometer. Como acontece com Cláudia Raia – outra de minhas atrizes favoritas e tema de uma coluna há duas semanas – atualmente em Salve Jorge. Mas o que surpreende em Giovanna é o fato de essa menina nunca errar. No momento, somos brindados com duas de suas atuações mais primorosas: a delegada Helô, de Salve Jorge; e a vilã Bárbara, de Da Cor do Pecado, que encerrou sua saga no Vale a Pena Ver de Novo, na sexta 22.
Mas fazendo uma retrospectiva rápida, mesmo quando as personagens não favoreciam, Giovanna estava lá firme como uma rocha dando o seu melhor. Exemplos? Tenho três deles: a Clarice, de Sete Pecados (2007); a Cláudia, de Aquele Beijo (2011), e a Gigi, de As Brasileiras: A Venenosa de Sampa (2012). Clarice era a típica boa moça em uma novela horrorosa, cuja protagonista era Beatriz, um arremedo de ser humano vivido com extrema canastrice por Priscila Fantin. Mesmo com uma personagem apagada, Giovanna deu aula de interpretação e manteve a dignidade de seu trabalho até o fim. Cláudia poderia ser o primeiro fracasso de sua carreira, já que tinha nível mínimo de conflito e coerência dramatúrgica. Mas a atriz não cedeu um milímetro à tentação de ligar o piloto automático e buscou capítulo a capítulo, estímulo interno e energia para dar credibilidade a seu papel. Já para viver a perua da Gigi, no episódio mais fraco de As Brasileiras, a atriz se jogou de cabeça na piscina do exagero e foi a opção correta. Ao escolher pela chanchada, em vez da comédia de costume, Giovanna se manteve incólume.
E se mesmo com papeis muito aquém de seu talento Giovanna tira leite de pedra, tendo em mãos uma boa matéria prima para trabalhar, ela faz a festa. Mais exemplos? Tem muitos: a Capitu, de Laços de Família (2000); a Jade, de O Clone (2001); a Anita Garibaldi, de A Casa das Sete Mulheres (2003); e a Alma, de Três Irmãs (2008). Só para citar algumas… As três primeiras, mulheres fortes envolvidas em dramas terríveis, foram tipos perfeitos para uma atriz corajosa, que adora assumir riscos e não tem medo de ousar. Já a destrambelhada Alma, foi a primeira oportunidade real que Giovanna ganhou para mostrar que também poderia ser uma boa humorista. E ela arrasou, fazendo da médica atrapalhada a melhor personagem da trama de Antônio Calmon. E olha que ela tinha como companheiras de cena duas verdadeiras divas: Regina Duarte e Cláudia Abreu.
Mas voltando à Helô e à Bárbara, tivemos uma ótima chance de poder acompanhar a atriz no ar com duas personagens tão opostas. Bárbara é uma vilã à moda antiga: intensa, cruel, sem um pingo de ética e muito, muito charmosa. E foi uma delicia ver a megera sendo dominada pela loucura até culminar num final dramático. Espetacular!
Helô é o outro lado da moeda da Bárbara: uma policial honestíssima, determinada e implacável. E, mais uma vez, Giovanna tem a melhor personagem de uma novela, no caso a obra de Gloria Perez. Helô é extremamente contraditória. Ama o ex-marido, mas se recusa a admitir isso; tem seus vícios (por compras); é meio grossa, mas é uma amiga para todas as horas; foi uma mãe ausente e não sabe como resolver as diferenças com a filha, Drica (Mariana Rios). É uma personagem cheia de possibilidade e Giovanna não desperdiça nenhuma delas, dando humanidade e graça para sua “delegata”. E, por falar nisso, a carioca nunca esteve tão linda em cena! Para completar, Giovanna achou no grande Alexandre Nero o parceiro prefeito para seu momento de plenitude. Tão bom ator quanto sua parceira cena, Nero criou uma química incrível com ela e não é à toa que dos dois fizeram de Helô e Stenio o melhor casal de Salve Jorge. Aos 36 anos de vida e 22 de carreira, aquela menina que estreou na TV como assistente de palco de Angélica, no Clube da Criança, em 1991, se transformou numa mulher incrível e numa atriz não menos formidável. Salve Jorge, que nada! Salve, Giovanna Antonelli!!!
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