sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Maria Luíza Silveira Teles


Maria Luiza Silveira Teles, nasceu em Belo Horizonte (MG) em 4 de maio de 1943, tem longa vida dedicada à educação. Licenciada em pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Norte de Minas, inglês e terapia reichiana, com pós-graduação em psicologia e sociologia. Diplomas de Lower Cambridge, Técnicas de Ensino, Diagnose e Prognose em Educação, Psicologia Comportamental do Adolescente. Professora titular de Psicologia da Educação e Sociologia da Educação da UNIMONTES, jornalista, escritora e conferencista, vem trabalhando num projeto novo: iniciar crianças e jovens na filosofia. Atualmente é terapeuta Reiki, escritora de 24 horas com vários livros em co-autoria, tradutora, professora de cursos de aperfeiçoamento, extensão e pós-graduação e consultoria editorial "free-lancer" da Editora Vozes. Publicou, entre muitos livros, Uma Introdução à Psicologia da Educação, O Que é Psicologia, Aprender Psicologia, Curso Básico de Sociologia da Educação, A Greve das Crianças, Antologia da Academia Montes-Clarense de Letras, Poesias de Caderno, O Alfa e Ômega e As Sete Pontes.
O que é Neurose é uma das obras primas de Maria Luíza Silveira Teles, que, segundo dados estatísticos da editora Brasiliense, chegou a superar os 250 títulos e mais de seis milhões de exemplares vendidos.
Convenhamos, de neurótico todos temos um pouco. Pode ser um baita problema ou cacoete, uma atitude mental da qual não conseguimos nos ver livres, mas não há quem possa bater no peito e se dizer completamente são. O que é Neurose ajuda a conhecer essa nossa velha e inoportuna companheira: de onde vem, como age, como se instala dentro de nós. Quem sabe nos ensine também como desarmá-la, como convencê-la de que, sem ela, vivemos muito melhor.
Diante de uma linguagem completamente acessível a qualquer pessoa, o livro faz um verdadeiro passeio sobre o tema no qual propõem abordar, que é aNeurose. Trata não somente de teorias, mas traz a opinião clara e aberta da autora, que, não somente exemplifica seus argumentos, mas aconselha o leitor acerca dos mesmos, deixando transparente em todos os momentos o fato de que, por ser um assunto de fácil identificação por parte de cada um de nós, não fiquemos frustrados, ansiosos, ou mesmo abatidos com algum fato que espelha a nossa personalidade e/ou conduta.
Ao longo dos nove capítulos que nos apresenta o livro, inclusive, vale ressaltar, com um formalismo extremamente consistente e objetivo, são abordados temas tais como: Critérios de Normalidade, Conceito de Neurose, Tipos de Neurose, Ansiedade, Fobia Social, Doença do Pânico e Depressões, História de Vida, Contexto Social, A Psicologia e a Psicanálise: Caminhos e Descaminhos, Evitando a Neurose e Buscando a Cura.
Em sua argumentação acerca do conceito de neurose, a autora conceitua, debate, exemplifica e opina diante de termos nos quais aborda como pontos chave da discussão, como: Repressão, Fantasia, Racionalização, Projeção, Sublimação, Formação de Reação, Compensação, Regressão, Negação,Identificação, Deslocamento e Conversão Somática.
A psicanálise subdivide o conceito de Neurose em tipos tais como: Neurose Atual, Neurose de Abandono, Neurose de Angústia, Neurose de Caráter,Neurose de Destino, Neurose (ou Síndrome) de Fracasso, Neurose de Transferência, Neurose Familiar, Neurose Fóbica, Neurose Mista, Neurose Narcísica,Neurose Obsessiva e Neurose Traumática, porém, no capítulo referente à estes tipos de neurose, o livro traz um comentário bastante pertinente da autora, que diz acreditar ser uma certa tolice "falar" em tipos de neurose, pois, na realidade, não há nenhuma forma "pura". Esta é mais uma questão didática, acadêmica. Mas o que ela está querendo que venhamos a compreender é que, dependendo do tipo de conflito que aflige o indivíduo, dependendo, pois, do que lhe passa no íntimo, da fase do desenvolvimento em que os traumas se deram, as manifestações externas, os comportamentos, os sintomas serão diferentes.
Ainda neste mesmo capítulo, destaca-se uma diferenciação fundamental entre neurose e psicose, que é que, por mais séria que seja a neurose, o indivíduo tenta lidar com a realidade. Já o psicótico não, ele vive, quase sempre, fora da realidade, que não lhe interessa absolutamente.
No capítulo Ansiedade, Fobia Social, Doença do Pânico e Depressões, sobressai-se um assunto de relevância fundamental, que é a problemática entre médicos, psicólogos e psicanalistas de diagnosticarem um "problema" em um indivíduo como patológico ou psicológico, proporcionando ao mesmo um tratamento adequado. Por exemplo, existe uma diferença fundamental entre depressão e tristeza, diferença esta que, muitas vezes, ata os próprios médicos não percebem, receitando antidepressivos para uma pessoa que está apenas triste diante de um acontecimento verdadeiramente triste. Acho que está faltando aos médicos, psicólogos e psicanalistas um pouco mais de humildade e interdisciplinaridade.
No capítulo A Psicologia e a Psicanálise: Caminhos e Descaminhos, a autora traz à tona uma discussão de extrema importância, que é o fato de a Psicanálise não estar apresentando crescimento considerável, principalmente devido aos psicanalistas estarem parados nas idéias freudianas. Toda a sua produção continua sendo a tentativa de analisar os conceitos de Freud. Os analistas vêm sendo constantemente advertidos de que é preciso sair da sombra de Freud e promover estudos próprios e atuais. Mas a sombra de Freud continua parece inescapável. Ao continuar por aí, a psicologia e a psicanálise, que, sem dúvida, tanto têm ajudado os indivíduos, vão acabar se perdendo por descaminhos, entrando na contramão da História.


                                               Homenagem de um amigo pra Lu


Ela aceitou o covite. O encontro 20 anos depois.



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