sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Plínio Marcos

 

Plínio Marcos de Barros (Santos, 29 de setembro de 1935 — São Paulo, 29 de novembro de 1999) foi umescritor brasileiro, autor de inúmeras peças de teatro, escritas principalmente na época da ditadura militar. Foi também ator, diretor e jornalista. Foi casado por 25 anos com a jornalista Vera Artaxo, falecida em julho de 2010.
De família modesta, Plínio Marcos não gostava de estudar e terminou apenas o curso primário. Foi funileiro, quis ser jogador de futebol, serviu na Aeronáutica e chegou a jogar na Portuguesa Santista, mas foram as incursões ao mundo do circo, desde os 16 anos, que definiram seus caminhos. Atuou em rádio e também na televisão, em Santos.
Em 1958, por influência da escritora e jornalista Pagu, começou a se envolver com teatro amador em Santos. Nesse mesmo ano, impressionado pelo caso verídico de um jovem currado na cadeia, escreveu sua primeira peça teatral, Barrela. Por sua linguagem crua, ela permaneceria proibida durante 21 anos após a primeira apresentação.
Em 1960, com 25 anos, foi para São Paulo, onde inicialmente trabalhou como camelô. Depois, trabalhou em teatro, como ator (apareceu no seriado Falcão Negro da TV Tupi de São Paulo), administrador e faz-tudo, em grupos como o Arena, a companhia de Cacilda Becker e o teatro de Nidia Lícia. A partir de 1963, produziu textos para a TV de Vanguarda, programa da TV Tupi, onde também atuou como técnico. No ano do golpe militar, fez o roteiro do espetáculo Nossa gente, nossa música. Em 1965, conseguiu encenar Reportagem de um tempo mau, colagem de textos de vários autores, e que ficou apenas um dia em cartaz.
Em 1968, participou como ator da telenovela Beto Rockfeller, vivendo o cômico motorista Vitório. O personagem seria repetido no cinema e também na telenovela de 1973, A volta de Beto Rockfeller, com menor sucesso. Ainda nos anos 1970, Plínio Marcos voltaria a investir no teatro, chegado ele mesmo a vender os ingressos na entrada das casas de espetáculo. Ao fim da peça, como a de Jesus-Homem, ele subia ao palco e conversava pessoalmente com a plateia.
Na década de 1980, apesar da censura do governo, que visava principalmente aos artistas, Plínio Marcos viveu sem fazer concessões, sendo intensamente produtivo e sempre norteado pela cultura popular. Escreveu nos jornais Última Hora, Diário da Noite, Guaru News, Folha de S. Paulo, Folha da Tarde, Diário do Povo (Campinas), e também na revista Veja, além de colaborar com diversas publicações, como Opinião, O Pasquim, Versus, Placar e outras.
Depois do fim da censura, Plínio continuou a escrever romances e peças de teatro, tanto adulto como infantil. Tornou-se palestrante, chegando a fazer 150 palestras-shows por ano, vestido de preto, portando um bastão encimado por uma cruz e com aura mística de leitor de tarô.
Plínio Marcos foi traduzido, publicado e encenado em francês, espanhol, inglês e alemão; estudado em teses de sociolinguística, semiologia, psicologia da religião, dramaturgia e filosofia, em universidades do Brasil e do exterior. Recebeu os principais prêmios nacionais em todas as atividades que abraçou em teatro, cinema, televisão e literatura, como ator, diretor, escritor e dramaturgo.
Morreu aos 64 anos, na cidade de São Paulo, por falência múltipla dos órgãos em decorrência de um derrame cerebral.

Obra teatral
• Barrela, 1958
• Os fantoches, 1960
• Jornada de um imbecil até o entendimento (1ª versão)
• Enquanto os navios atracam, 1963
• Quando as máquinas param (1ª versão)
• Chapéu sobre paralelepípedo para alguém chutar (2ª versão de Os fantoches)
• Reportagem de um tempo mau, 1965
• Dois perdidos numa noite suja, 1966
• Dia virá (1ª versão de Jesus-homem), 1967
• Navalha na carne, 1967
• “Eu falo daquelas pessoas que só berram da geral, sem nunca influir no resultado”
• “A censura agora é a mídia”
• “Se continuar essa situação que está aí, a peça vira um clássico” (sobre
• Navalha na Carne e a situação do Brasil), Palhaço, operário, jogador de futebol, camelô, dramaturgo…. Um dos maiores gênios populares que o Brasil teve, Plínio Marcos teve uma história singular, que já vale, ela mesma, uma peça de teatro. Vindo do povo, incentivado a fazer teatro por Pagu e sempre perseguido pela censura (primeiro da ditadura, depois da mídia) sua voz deve ser eternamente ouvida e seus personagens marginalizados ícones de uma luta que parece nunca acabar.Sua trajetória foi totalmente não-linear. Alternou sucessos de público e crítica, com o abandono posterior. Da mesma forma, era dramaturgo e diretor num dia, no outro era técnico, assistente de teatro, camelô e outras coisas. Em 1988, quando deu uma entrevista ao Jô, mesmo sendo um dos maiores dramaturgos da história do país, vendia seus livros nas ruas e nos bares.

• Quando as máquinas param (2ª versão de Enquanto os navios atracam), 1963
• Homens de papel, 1968
• Jornada de um imbecil até o entendimento (3ª versão de Os fantoches)
• O abajur lilás, 1969
• Oração de um pé-de-chinelo, 1969
• Balbina de Iansã (musical), 1970
• Feira livre (opereta), 1976
• Noel Rosa, o poeta da Vila e seus amores (musical), 1977
• Jesus-homem, 1978 (2ª versão de Dia virá, 1967)
• Sob o signo da discoteque, 1979
• Querô, uma reportagem maldita (adaptação para teatro do romance do mesmo título, escrito em 1976), 1979
• Madame Blavatski, 1985
• Balada de um palhaço, 1986
• A mancha roxa, 1988
• A dança final, 1993
• O assassinato do anão do caralho grande (adaptação para teatro da novela do mesmo título), 1995
• O homem do caminho (monólogo adaptado de um conto do mesmo título, originalmente intitulado Sempre em Frente), 1996
• O bote da loba, 1997
• Chico Viola(inacabada), 1997
Teatro infantil
• As aventuras do coelho Gabriel, 1965
• O coelho e a onça (história dos bichos brasileiros), 1998
• Assembléia dos ratos, 1989
• Seja você mesmo (inacabada)
Livros
• Navalha na carne (teatro), 1968
• Quando as máquinas param (teatro), 1971
• Histórias das quebradas do mundaréu (contos), 1973
• Barrela (teatro) (1976)
• Uma reportagem maldita – Querô (romance), 1976
• Inútil canto e inútil pranto pelos anjos caídos (contos), 1977
• Dois perdidos numa noite suja (teatro), 1978
• Oração para um pé-de-chinelo (teatro), s/data
• Jesus-homem (teatro), 1981
• Prisioneiro de uma canção (contos autobiográficos), 1982
• Novas histórias da Barra do Catimbó (contos), s/d
• Madame Blavatski (teatro), 1985
• A figurinha e os soldados da minha rua - histórias populares (relatos autobiográficos), 1986
• Canções e reflexões de um palhaço (textos curtos), 1987
• A mancha roxa (teatro), 1988
• Teatro maldito teatro (contém as peças Barrela, Dois Perdidos Numa Noite Suja e O Abajur Lilás), 1992
• A dança final (teatro), 1994
• Ns triha dos saltimbancos (conto), data imprecisa
• O assassinato do anão do caralho grande (noveleta policial e peça teatral), 1996
• Figurinha difícil - Pornografando e subvertendo (relatos autobiográficos), 1996
• O truque dos espelhos (contos autobiográficos), 1999
• Coleção melhor teatro (com as peças Barrela, Dois perdidos numa noite suja, Navalha na carne, Abajur lilás, Querô), 2003

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